Dominada Pelo Cowboy - Capítulo 1
Atualizado: 9 de ago.
Livro 1 da série Amores Ideais
Conteúdo adulto. Registro Copyright em 172 países - maio de 2023 | Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro - maio de 2023 | Autora Larissa Braz.
Representantes jurídicos advertem: Plágio é crime! A violação dos direitos autorais é CRIME previsto no artigo 184 do Código Penal 3, com punição que vai desde o pagamento de multa até a reclusão de quatro anos, dependendo da extensão e da forma como o direito do autor foi violado.
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Olivia
O ônibus da escola parou em frente a porteira do rancho. Desci me despedindo do motorista e percorri sob o sol quente a estrada até em casa. Ao me aproximar, observei como estava tudo estranhamente quieto. O meu pai não estava mexendo no trator e a minha mãe não estendia roupas no varal ou fazia reparos nas camisas furadas, sentada em uma cadeira no alpendre. A porta dos fundos estava entreaberta. Subi os degraus e empurrei-a, dando-me passagem. Os meus olhos se arregalaram quando vi a dois passos um machado sujo de sangue, jogado no chão. O meu coração palpitou forte no peito com o pavor que me preencheu subitamente.
— Mamãe — chamei, mas nenhum ruído foi ouvido.
Tirei a mochila das costas e deixei-a no chão, junto a pia. Entrei na casa a passos oscilantes. Na quina da parede que separava a cozinha da sala, havia rastros de sangue sobre a tinta amarela. Um mão se firmou ali antes de se arrastar. Com olhos marejados e mãos trêmulas, continuei a caminhar. Um linha de sangue percorria pelo chão do corredor para dentro o último quarto. Era naquele cômodo onde os meus pais dormiam.
A porta estava fechada. Segurando firmemente a maçaneta, pensei duas vezes se devia abrir. Se eu queria abrir. Lágrimas desceram a face e um nó se formou na garganta. Tomando de toda a minha coragem, abri a porta. Por alguns segundos, não soube decifrar o que era aquilo sobre a cama. Mas quando encarei os seus pés, as únicas partes que não estavam completamente vermelhas, entendi que aquele era o corpo da minha mãe. As unhas estavam pintadas de rosa e nos dedões havia margaridas desenhadas.
Eu não consegui gritar. Da minha boca não saía sequer uma sílaba, ou ruído. Não tinha forças. Virando-me lentamente, andei de volta para a cozinha. No chão, apanhei o machado e deixei a casa. Desnorteada, apavorada e um tanto confusa, caminhei em direção ao estábulo do cavalo. Precisava me esconder. Quem quer que tivesse feito aquilo, ainda poderia estar por perto.
Ao passar pelas portas do estábulo, escutei barulhos vindo de uma das duas baias. Apertando as mãos no cabo do machado, me aproximei. No tanque de água, o meu pai lavava os seus braços ensanguentados. O meu pavor triplicou. Quando notou a minha presença, ele ergueu a cabeça e me olhou, sorrindo. Havia sangue respingado no seu rosto e pescoço.
— Ela não vai mais me perturbar — disse ele, sem pesar.
— Você a matou — sussurrei quase sem ar, sentindo o corpo todo estremecer.
— Me dê isso! — ordenou, aproximando-se rapidamente.
A sua roupa estava completamente lavada com o sangue e a honra da mulher para quem um dia ele jurou amor e cuidado.
— Não. — Dei um passo para trás, tentando escapar dele. Tive medo de que me machucasse.
— Me dê isso agora! — gritou, avançando para cima de mim.
Eu não sei. Não sei se foi instinto, reflexo ou se o mal também existia em mim, como existia nele. Em um instante ele não mais gritava. Não andava. Apenas se engasgava com o próprio sangue olhando para baixo enquanto as mãos tentavam retirar o machado fincado por mim no seu peito.

Doze anos depois…
— Está na hora — disse Tate ao passar por mim, indo em direção ao palco.
Apanhei a jaqueta vermelha e vesti-a. Mas antes de deixar o pequeno camarim, olhei-me uma última vez no espelho. Ajeitei os cabelos, coloquei o chapéu e limpei o cantinho do lábio inferior onde havia um borrado de batom vermelho. Respirando fundo, dei um passo para trás e alinhei o vestido cravejado de cristais. Sorri para mim mesma e caminhei em direção à saída, apanhando o meu violão que estava próximo à porta. Ao chegar no palco, colocaram no meu ouvido o retorno e prenderam a caixa da bateria na parte de trás do vestido. Um dos auxiliares se aproximou e conectou o cabo do som no meu violão. A banda começou a introdução da canção Life Is A Highway. Lá fora, a plateia começou a gritar e bater palmas. Eu gostava disso. Gostava dessa empolgação, dos ânimos a flor da pele, de levar euforia com a música.
Sentindo um leve arrepio subir os braços. Entrei no palco recebendo assobios e mais gritos. Toda aquela energia fez com que um pouco de emoção marejasse os meus olhos. Aproximei do microfone no pedestal e comecei a cantar enquanto os meus dedos tocavam as cordas do violão no ritmo da música. O show chegou ao fim depois de duas horas com apenas um intervalo de dez minutos. Tate assumiu o vocal com as mais românticas nesse pequeno tempo. Quando descemos do palco, todos estavam animados e satisfeito com o que fizemos ali naquela noite.
— Vem, Oli. Vamos ver o rodeio. — Clay pegou-me pela mão e puxou-me para ir com eles.
No caminho até a arena, pessoas nos pararam e, pela primeira vez, pediram para tirar fotos conosco. Clay tinha um sorriso imensamente largo e feliz com a atenção que recebia das mulheres. Deixe-os com elas e segui caminho, sozinha. Estava na parte de trás da arena, procurando pela entrada. Talvez eu estivesse um pouco perdida. Ao lado tinha alguns peões que se preparavam para montar. Um grupinho ao canto fazia uma oração. Parei, observando-os.
— Boa noite, senhorita. — Um voz grave ecoou atrás de mim, fazendo-me virar já com um sorriso no rosto, ao mesmo tempo que clamei mentalmente para que o homem fosse bonito como a sua voz.
E ele era.
— Boa noite.
Os seus olhos percorreram-me de cima a baixo.
— Amei a sua roupa — disse com um sorriso marcando o canto da sua boca.
— Adorei a fivela — falei olhando para a enorme fivela dourada acima do seu volume entre as pernas, divinamente marcado pelo jeans justo.
Uma risadinha escapou dele, que deu um passo adiante, estendendo-me a sua mão.
— Jayson Bennett ao seu dispor. — Retirou o chapéu, revelando os seus cabelos escuros, lisos e de corte longo, um pouco acima dos ombros.
— Olivia Davis. — Coloquei a minha mão sobre a sua, sentindo a pele áspera e o calor que emanava dela.
Ele a segurou com firmeza e levou-a até os seus lábios, beijando demoradamente o meu dorso.
— Muito prazer, Olivia. Está acompanhada essa noite?
— Direto ao ponto — disse, sorrindo.
— Rodeio para mim só na arena. — Lançou-me uma piscadela.
— Desacompanhada e solteira.
— Por enquanto. — Soltou a minha mão e colocou o chapéu de volta na cabeça.
— Jayson — chamaram-no.
— Tenho que ir, preciso ficar oito segundos em cima de um touro. Adoraria vê-la na plateia. Serei o sétimo a entrar.
— Estarei lá.
— Esteja livre para uma dança depois disso, Olivia.
Com um belo sorriso, ele piscou novamente para mim e se foi. O homem era lindo! Alto, pele levemente bronzeada e tinha belíssimos olhos azuis. Feliz em conhecer alguém bonito e cavalheiro, apressei o passo para a arquibancada. Tentei achar o melhor lugar. Ao me sentar, logo o primeiro peão entrou na arena. Pobre coitado. Não durou nem cinco segundos. Depois veio o segundo. Caiu faltando milésimos para o fim do tempo. Então veio o terceiro. Ele arrasou. Jayson teria que fazer muito melhor do que isso.
— Esse lugar está vago? — perguntou um homem.
— Sim — respondi, olhando-o em seguida. E, para minha surpresa, era o cara da noite anterior, no bar. Aquele, o senhor Não Estou A Fim.
— Boa noite, cantora — cumprimentou-me com um sorrisinho debochado e sentou-se ao meu lado.
— Oi. — Limitei-me a dizer, olhando novamente para frente.
Um pequeno nervosismo surgiu em mim.
De todos os lugares vagos, ele tinha mesmo que sentar aqui?
Espiei-o pelos cantos dos olhos, observando-o. A luz ali era melhor do que no bar. As pequenas costeletas abaixo do grande chapéu mostrava a cor do seu cabelo. Era escuro. Ele, assim como muitos cowboys por ali, tinha a pele bronzeada pela lida. Achava isso tentador. O rosto tinha o maxilar marcado, ele era grande e tinha ombros bem largos. O seu cheiro era amadeirado, transmitia vigor e sensualidade. Eu havia gostado muito disso.
O sexto homem foi anunciado. Concentrei-me à frente a tempo de vê-lo entrar na arena. O bonitão seria o próximo. Quando o locutor chamou por Jayson Bennett, a plateia vibrou em torcida por ele. O brete foi aberto e um imenso touro branco saiu de lá, pulando alto e bufando furioso. Tanto eu quanto o senhor Não Estou A Fim, nos levantamos em um pulo para ver melhor o que acontecia lá embaixo. As pessoas começaram a contar os segundos. Quanto mais perto do fim, mais alto berravam. Jayson seguiu os oito segundos intactos sobre o touro, com uma mão erguida para cima, enquanto a outra segurava firmemente a corda. Quando soou o sinal, ele pulou do bicho e correu para o alambrado, algumas fileiras abaixo de mim, e subiu nele enquanto o touro era contido e levado embora.
Os olhos dele percorreram a plateia onde eu estava, até que olhou para cima e me viu. Ele sorriu e tocou a ponto do chapéu, reverenciando-me com um aceno de cabeça. Eu sorri e acenei para ele. Senti-me estranhamente observada e olhei para o lado. O senhor Não Estou A Fim me encarava com um olhar duro e azul. O cenho estava franzido e lábios comprimidos em uma linha reta. Ele se virou e se foi. Eu me sentei novamente e terminei de assistir ao rodeio. Outros sete homens entraram. Alguns saíram cabisbaixos de lá, outros machucados e poucos foram para o placar. Quando enfim acabou, premiaram Jayson e outros caras com um troféu. Ele acenou para plateia e deixou a arena.
Levantei-me e saí logo dali antes que tudo virasse um grande congestionamento de pessoas. Segui para a parte posterior da arena e lá estava ele, junto a outros três peões, recebendo as suas fivelas e os cheques com as premiações. Ele apertou a mão de um homem e virou-se para mim, vindo ao meu encontro.
— Talvez goste mais dessa — disse ele, mostrando a nova fivela.
— É linda. — Mas não tem um grande volume abaixo, apenas pensei.
— Vou guardar isso no carro e vamos para o show. Você me deve uma dança. — Jayson saiu caminhando e eu o segui. — Você já cantou hoje?
— Como sabe que sou cantora?
Ele riu e olhou para meu vestido.
— Nem as garotas da cidade grande se vestem assim quando aparecem por aqui. Isso é figurino de show.
Ri.
— Eu já cantei, sim. Fui a primeira da noite.
— E quando você vai embora?
— Quando acabar a temporada.
— Por quê? Você também compete?
— Não. Vou ficar porque tenho mais seis shows até o final do trimestre.
Ele me olhou de cenho franzido.
— Jura? Geralmente os cantores ficam por uma ou duas semanas. Você deve ser boa. — Abriu a porta traseira de uma enorme Ranger preta. — Vai ter que cantar para mim.
— Vou cantar na sexta. Por que não vem me assistir?
Ele fechou a porta e olhou-me.
— Está bem. — Sorriu e ajeitou o chapéu.
— Jayson! — Uma voz irritada o chamou.
Jayson fechou os olhos por alguns segundos e respirou fundo.
— Desculpe por isso — pediu para mim, afastando-se em alguns passos.
Eu o olhei confusa e depois para a pessoa que se aproximava, saindo do escuro. Era o senhor Não Estou A Fim. Ele estava me perseguindo? Ou o acaso queria muito a gente se encontrando outra vez em menos de uma hora, em uma festa com mais de três mil pessoas?
— Se for me socar, faça isso logo, Jayden.
O homem se aproximou do Jayson com punhos cerrados e rapidamente armou uma mão para cima, socando-o. O soco foi forte e certeiro, fez com que Jayson caísse no chão, sujando-se de poeira. Dei um passo largo para trás, afastando-me deles, e os encarei assustada.
— Me lembro de você bater com mais força — Jayson o provocou.
— Me lembro de mandar você ficar fora da arena! — gritou Jayden.
Jayson se ergueu do chão e bateu as mãos na roupa, tentando se limpar. Ele levou o dorso esquerdo até o lábio que sangrava minimamente e o limpou.
— Já acabou, irmão? — perguntou, sorrindo.
— Acha engraçado me provocar e agir com tremenda irresponsabilidade? O que o nosso pai vai dizer quando souber?
— Só você se importa com o que ele diz ou quer das pessoas. E pare de querer cuidar da minha vida, achando que pode me controlar! Dá um tempo, Jayden. Arranje uma namorada. Talvez a sua vida fique mais interessante e assim você esquece um pouco da minha.
Jayson olhou para mim e forçou um sorriso sem graça.
— Desculpe — pediu-me, vindo até mim.
— Talvez seja melhor eu deixar vocês a sós. — Olhei para Jayden.
Ele me encarava com um olhar irritado e estreito. O corpo estava rígido, os ombros inflado e as mãos guardadas dentro dos bolsos da calça.
— Não. Já acabamos aqui. Vem, vamos dançar.
Jayson apanhou-me pela mão e saímos dali. Mesmo que eu não tenha olhado para trás, sabia que o seu irmão nos observava partir. Eu podia sentir o seu olhar sobre a minha pele.
— Posso perguntar por que ele socou você?
— Nem ele ou qualquer outra pessoa da minha família aprova o que fiz essa noite.
— O rodeio? Por quê? Você foi o melhor.
— Há três anos eu caí, fraturei a coluna, tive uma concussão grave e lacerei o fígado. Foram muitas cirurgias, três meses em coma e um ano de reabilitação. Talvez se eu não tivesse a minha disposição bons médicos e excelentes tratamentos, teria ficado paraplégico.
Parei de caminhar e o encarei chocada.
— E depois de tudo isso você teve coragem de entrar naquela arena hoje?
Ele riu e assentiu.
— Eu nasci para fazer isso, Olivia. É o que amo fazer. Não me imagino trabalhando para o meu pai o resto da vida, ouvindo ordens do meu irmão. Quero ganhar o mundo montando em touros e cavalos. Você se imagina sem a música?
— Não.
— É isso que o rodeio é para mim.
— Mas a música não coloca a minha vida em risco.
Ele ergueu os lábios em um pequeno sorriso e estreitou os olhos para mim.
— Acabamos de nos conhecer e gostei muito de você, não quero desgostar tão rápido — falou humorado.
Sorri.
— Tudo bem. Não falaremos mais disso.
Continuamos a caminhar.
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Até breve.
Com amor,
Larissa Braz.