Dominada Pelo Cowboy - Capítulo 12
Atualizado: há 3 dias
Livro 1 da série Amores Ideais
Conteúdo adulto. Registro Copyright em 172 países - maio de 2023 | Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro - maio de 2023 | Autora Larissa Braz.
Representantes jurídicos advertem: Plágio é crime! A violação dos direitos autorais é CRIME previsto no artigo 184 do Código Penal 3, com punição que vai desde o pagamento de multa até a reclusão de quatro anos, dependendo da extensão e da forma como o direito do autor foi violado.
Instrução: Ao tocar no nome das músicas citadas no texto, você será encaminhado para o videoclipe da mesma, no YouTube.
Olivia
Escorada à cerca sob o sol da manhã, bebericava o café quase frio que se empoçava no fundo da caneca. Alguns metros à minha frente, havia um arena onde mulheres treinavam com os seus cavalos para competição de mais tarde. Um homem lá dentro me observava ao longe enquanto eu o ignorava. Mas não demorou muito para que ele logo viesse na minha direção. Será que achava que eu estava o encarando?
— Bom dia, moça — cumprimentou ao se aproximar.
— Bom dia. — Sorri, tentando ser simpática antes das oito da manhã.
— Se quiser, pode chegar mais perto do redondeu.
— Não, está ótimo aqui. — Dei outro pequeno gole, voltando a minha atenção para as mulheres.
— Vi você cantar outra noite. Tem uma voz muito bonita. — Deu um passo para mais perto.
— Obrigada.
— Vai cantar hoje à noite?
— Sim. Às nove.
— E o que vai fazer depois do show?
Desencostei da cerca e tomei o último.
— Tenho compromisso. — Forcei outro sorriso ameno e virei-me, indo para longe dele.
Sabia o que ele desejava com a aproximação e toda a conversa mole. E eu não estava nem um pouco a fim de dar atenção àquilo.
— Nem uma dança depois do show. — Ele insistiu, vindo atrás de mim, alcançando-me.
Parei e olhei para ele.
— Não quero ser grosseira, mas talvez já sendo… Não estou a fim. Tenha um bom dia. —
Continuei a caminhar.
— É só pelos cowboys ricos que você se interessa? — perguntou com um tom amargo.
Revirando os olhos, respirei fundo e olhei-o mais uma vez. Encarando-o com firmeza e semblante fechado, aproximei-me.
— Está mesmo tentando me ofender porque eu não me interessei por você? — Ri. — Esse é o comportamento que tem quando uma mulher te diz não? Quantos anos tem? Dezessete?
Ele ficou mudo, encarando-me de volta. Sem me dar o trabalho de dizer mais nada ou doar de nem mais um segundo do meu tempo para ele, afastei-me.
— Vadia — resmungou ele.
— Deve ser bem ruim não conseguir a atenção nem de uma vadia — respondi-o, alto, sem olhá-lo, enquanto seguia o meu caminho.
Ao entrar no estacionamento de trailers, escorado à frente de uma gigantesca Dodge, estava um cowboy de cabeça baixa, rosto escondido sobre o chapéu preto e pé direito encostado à grade cromada. As mãos estavam guardadas no bolso do jeans justo no quadril, mas os polegares estavam à mostra, batendo impacientes na perna.
Mesmo sem ver o seu rosto e ainda que eu desconhecesse o seu carro, sabia que aquele era o Jayden. O meu corpo o reconheceu, ascendendo-se ao vê-lo. Primeiro um leve arrepio no pescoço e atrás das orelhas. Depois, um pequeno nervosismo retorceu o meu estômago.
Ao me aproximar, lentamente ele levantou a sua cabeça na minha direção e desencostou-se do carro. O seu nariz se empinou, os ombros inflaram e os olhos se estreitaram para mim. Ainda sentia pequenos resquícios de raiva dele.
— Bom dia, Jayden — disse, séria, passando reto por ele.
— Bom dia para quem?
— Parece que você não está tendo um bom dia. — O meu tom foi um tanto ácido. Olhei-o brevemente por cima do ombro.
— Gosta de me provocar, não é?
— É divertido, às vezes. Principalmente quando estou zangada.
Abri a porta do trailer e entrei. Jayden veio logo atrás de mim, fechando-a em seguida. Ele parou perto do banco do motorista e retirou o seu chapéu, passando a mão pelos cabelos.
— Quer café? É meia torra e foi feito na prensa francesa.
— Não! — O seu olhar continuava duro.
Eu me servi de mais café e caminhei até ele.
— O quer então?
Jayden se aproximou colocando o chapéu sobre a mesa e cerrou os punhos.
— Que porra de mensagem foi àquela? Acho que ainda não entendeu como isso aqui funciona.
— Movimentou o dedo indicador entre nós, apontando para mim e para ele. — Você me deve absoluto respeito! — A sua voz era branda, porém, muito firme. E dava para sentir a sua fúria emanando do corpo tenso.
— Então você quer falar de respeito? — Coloquei a caneca na mesa e encarei-o, séria, cruzando os braços à frente. — Você também me deve respeito. Devia ter me avisado o que ia fazer antes de me assustar daquele jeito. Acha que não me senti desrespeitada quando me agrediu? Eu não concordei com aquilo! Achei que uma das regras fosse você ter o meu consentimento.
— Eu não agredi você! Foi apenas uma punição, algo recorrente na prática — falou alto.
— Não! Você me machucou e mesmo eu pedindo para parar, um sinal claro de que não estava confortável ou feliz com aquilo, continuou. Bateu com força e com a intenção de me machucar, admita! Eu senti a sua raiva em cada tapa. Guardou ressentimento por eu ter lhe negado antes, mas isso não é justo! — O meu tom soou um tanto alterado.
Os ombros dele foram descendo lentamente e a sua arrogância estampada na face já não era mais tão visível.
— Não tínhamos um contrato, Jayden. Eu ainda não era a sua submissa. E mesmo que fosse… não podia ter feito aquilo. Temos um acordo sexual, mas ele não tira de mim os meus direitos sobre o meu corpo. Eu não gostei. Era para ter sido prazeroso e não ter me machucado e me despertado fúria. Você está certo, eu ainda não sei como tudo isso funciona, mas sei que o que fez não está certo.
Jayden permaneceu em silêncio. Ele ainda tentava manter o resto da arrogância que lhe restava. Desviou o seu olhar do meu e respirou fundo, desconfortável.
— Excedi os limites. E você tem razão. — O seu tom era baixo e cheio de ressentimento. Isso pegou-me desprevenida. Acreditei que ele tentaria a todo custo me convencer de que ele estava certo. — Eu devia mesmo ter comunicado o que ia fazer e ter ponderado a minha força.
Desculpe. Não direi que não foi a minha intenção machucar você, porque, no fundo, acho que tenha sido exatamente isso. O ego ferido de um homem, às vezes, é perigoso.
Ele fechou a distância entre nós e levou a sua mão ao meu rosto. O polegar acariciou a minha bochecha e os seus olhos se demoraram nos meus lábios, antes de encarar-me novamente.
— Estou perdoado?
— Não. Mas posso desculpar o que fez.
— E não é a mesma coisa? — Um pequeno sorriso brotou na sua face.
— Perdoar é quase como esquecer o mal que lhe foi feito. Desculpar é dizer que está tudo bem por ora, mas estou de olho em você. Só um deslize. Um pequeno deslize e você nunca mais vai me ver.
O sorriso dele se desfez.
— Entendi. — As suas mãos se apoiaram no meu quadril, apertando-o de leve. — Você tem show hoje?
— Sim.
— Podemos nos ver depois disso?
— Eu não sei. A minha bunda continua ardendo.
Ele respirou fundo outra vez. Havia algo naquelas írises azuis. Talvez uma mistura de medo e arrependimento. Mas me pareceu sentimentos demais para um homem como ele sentir.
— Posso cuidar delas para você. — O seu tom ainda era suave, quase aconchegante.
— O meu show será mais tarde hoje. Não sei se vou estar disposta. — disse com um tom provocativo, esperando que a sua postura e a voz mudassem repentinamente, desmanchando o homem calmo e complacente à minha frente. Mas não. Ao invés disso, ele sorriu e balançou a cabeça em negação. Ele percebeu a minha intenção de provocá-lo, mas não cedeu a ela, reagindo de maneira explosiva.
— Okay. Se sentir disposta mais tarde, sabe onde me encontrar.
Uma batida na porta soou forte.
— Está na hora, Liv.
— Já estou indo — respondi ao Tate. — Tenho que ensaiar agora.
Jayden assentiu e caminhou até a porta abrindo-a. Tate o olhou com estranheza e lhe deu passagem, que o cumprimentou com um corto aceno de cabeça, antes de partir.
— Então… Estão se vendo regularmente?
Desci os degraus, saindo do trailer.
— Sim, mas… é complicado.
— Olivia… sabe que não me meto nos seus relacionamentos, mas… sei lá. Ele é um cara gostoso, porém, tome cuidado.
— Cuidado? — perguntei com cenho franzido. — Acha que… ele é perigoso? Do tipo agressivo? — Senti-me muito apreensiva.
— Pior do que isso. Do tipo que parte corações.
— É só uma lance rápido, Tate. A gente vai embora em algumas semanas.
Tate arqueou a sobrancelha para mim.
— Se está dizendo… — Suspirou. — Vamos, os garotos estão prontos.
O show daquela noite seria um pouco maior. Um cantor famoso viria para a cidade e nós faríamos a abertura do seu show. Isso exigia o melhor de nós. A chance de alguém da sua produção nos ver e gostar de nós era bem grande. Afinal, não é todos os dias que se abre o show para um cantor com trinta anos de carreira e centenas de discos de ouro e platina.
Preparamos os instrumentos e fizemos a passagem de som. Estava tudo perfeito. Quando a noite chegou, fomos para o estacionamento nos preparar. Tomei banho, arrumei o cabelo em uma longa trança usando de um aplique e preparei a minha roupa. Seguimos todos juntos para o camarim. Lá eu me vesti e fiz a maquiagem.
— Vinte minutos, pessoal — anunciou o produtor do evento.
— Podem ir, em já chego lá — disse para a banda.
Eles assentiram e se foram. Eu me calcei e sentei na penteadeira novamente, mudando a cor do batom. Achei que vermelho combinaria mais com vestido prateado, do que o marrom. Senti uma movimentação logo atrás de mim e olhei para porta através do espelho. Havia um homem ali, parado, encarando-me com um semblante irritado. Olhei para trás e levei alguns segundos para me lembrar dele.
— Não pode entrar aqui! — falei firmemente para o estranho que me importunou logo pela manhã.
— Você se acha boa demais, não é?
— Precisa sair. Agora!
Ele andou lentamente até mim. Os seus olhos estavam vermelhos e o seu suor cheirava a destilado. Ele estava bêbado e furioso. O meu coração bateu mais rápido e a minha mente gritou para que eu desse o fora dali. A passos apressados, tentei passar por ele indo em direção à porta, mas sua mão agarrou a meu braço com força e empurrou-me para trás, contra a parede de madeira.
— Você não é boa demais!
As suas mãos agarraram o meu pescoço, apertando-o. Os meus olhos se arregalaram e a minha respiração ofegou.
— É apenas uma piranha que gosta de provocar os homens com essas roupas curtas e justas. É só mais uma vagabunda que acha que pode me maltratar!
Eu começava a ficar sem ar. As minhas mãos agarram as suas, tentando me livrar do aperto no pescoço, mas era como se as suas mãos tivessem sido cimentadas na minha pele. Elas não me soltavam. O meu joelho se ergueu algumas vezes tentando lhe acertar os testículos, mas ele desviou. Eu não conseguia gritar. O desespero em mim fez com que os meus olhos enchessem de lágrimas e deixasse a minha visão turva. As minhas unhas o arranham nos braços e na face, mas ainda assim ele não me soltava. O estranho estava determinado a me matar.
Mas… de repente… ele foi arrancado de cima de mim e arremessado para o outro lado do camarim. O meu corpo escorregou para o chão, fraco. Os meus pulmões tentava recuperar o fôlego com urgência. Lágrimas desceram a minha face e eu pude enxergar novamente com clareza.
Jayden segurava o homem pela gola da camisa, enquanto o socava repita vezes no rosto.
— Jayden… — chamei por ele, baixo, sem muita esperança de que me ouvisse. Mas ele ouviu.
Imediatamente soltou o homem e virou-se para mim, vindo na minha direção.
— Você está bem? — perguntou preocupado, agachando-se à minha frente.
— Liv... — Tate chamou por mim ao entrar no camarim. — Mas o que aconteceu aqui? — perguntou assustado.
— Chame a polícia e trago os paramédicos! — Jayden disse para ele, que me olhava assustado.
Tate saiu correndo e Jayden analisou o meu pescoço.
— Sente dor?
— Não muita.
— Consegue respirar bem?
Assenti.
Tate voltou em segundos com um paramédico.
— Senhorita Davis… — disse o homem ao se aproximar. — Vou examiná-la. Acompanhe a luz.
— Um pequena luz brotou à minha frente. — A senhorita bateu com a cabeça?
— Não.
— Ele fez algo mais?
— Só tentou me enforcar com as próprias mãos.
Ele examinou a minha garganta, escutou o meu coração, analisou as minhas costas e me deu um remédio para dor. Disse que eu iria precisar muito dele logo mais. Depois me ajudou a levantar e foi encaminhar o sujeito que acordava ao poucos no sofá. A polícia já havia chegado e esperava para falar comigo.
Jayden se aproximou. Ele tinha a mão direita suja de sangue e estava bastante agitado.
— Fez um estrago nele, Jayden — disse o xerife ao se juntar a nós. — O que aconteceu aqui, senhorita Davis?
— Ele apareceu e eu disse que não podia ficar aqui. Mandei-o sair, mas se recusou. Falou coisas do tipo que eu me achava boa demais, que não passa de uma piranha ou uma vagabunda que acha que pode maltratar homens.
— Você e o senhor Grant tiveram algum tipo de envolvimento?
— Nenhum. Mas cedo ele tentou me chamar para sair e eu disse não. Ele me chamou de vadia e foi isso. Até hoje de manhã eu nem sabia da existência dele.
— E você, Jayden?
— Vim ver a Olivia e o encontrei tentando matá-la. Então a livrei dele e dei alguns socos naquela face maldita. — Olhou para o homem brevemente.
— Sabe que ele pode prestar queixa contra você.
— Mas ele vai. Sabemos disso! — falou encarando o xerife nos olhos, de modo um tanto intimidador.
— E se ele for ousado e fizer isso?
— Você me liga.
— E quanto a você, Olivia Davis? Prestará queixa, eu presumo.
— Posso fazer isso aqui?
— Não. Será preciso ir para a delegacia e se submeter ao exame de corpo de delito.
— Agora? — perguntei um tanto aflita.
— Sim — respondeu como se me dissesse o óbvio.
— Não posso. Tenho um show agora.
— Olivia…
— Não, Jayden! É importante!
— Não é mais importante do que você, Olivia — disse Tate, ao se aproximar.
— Você sabe que é!
— Não é! — reafirmou Clay. — Seria um bom show que talvez trouxesse uma boa oportunidade, mas você precisa ir à delegacia agora.
Olhei para Tate com o coração partido. Ele estava sério e visivelmente irredutível.
— Tudo bem.
— Vamos com você! — falou Merle.
Assenti, e juntos deixamos o camarim.
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Até breve.
Com amor,
Larissa Braz.