Dominada Pelo Cowboy - Capítulo 14
Atualizado: 18 de out.
Livro 1 da série Amores Ideais
Conteúdo adulto. Registro Copyright em 172 países - maio de 2023 | Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro - maio de 2023 | Autora Larissa Braz.
Representantes jurídicos advertem: Plágio é crime! A violação dos direitos autorais é CRIME previsto no artigo 184 do Código Penal 3, com punição que vai desde o pagamento de multa até a reclusão de quatro anos, dependendo da extensão e da forma como o direito do autor foi violado.
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Jayden
Olivia dormia no banco de trás do carro, vestindo apenas a sua calcinha, enrolada no cobertor de lã. Sentado sobre um troco mais adiante, assistia ao amanhecer. O céu ainda estava escuro, mas ao longe, atrás dos montes e pinheiros, o sol começava a surgir.
Havia sido um homem estúpido e completamente egoísta com ela. O meu ego se feriu porque uma garota bonita disse-me não. A minha frustração gerou-me agressividade, a qual disfarcei sem perceber como fetiche. A estupidez com Olivia, só me mostrou que a minha irmã estava certa sobre mim: sou um babaca mimado e egocêntrico.
Sempre senti o mundo girando ao meu redor e acreditei que um dia ele cairia aos meus pés, mas estava percebendo que isso não é verdade. Existe mais no mundo do que os meus caprichos. Existe Olivia. Era péssimo perceber aos trinta e três anos que sou a porra de um homem que não aprendeu a ouvir a palavra não vinda de uma mulher. Estava me sentindo como o Grant. Um monstro atrás de uma casca bonita. O medo e o pavor que vi no seu rosto quando a salvei, me fez pensar se ela sentiu o mesmo quando a machuquei? De maneira alguma ela merecia isso. Ou, talvez, eu não a merecesse.
Será que devo deixá-la ir e viver livre dos meus fetiches? Livre de mim? Ainda posso ser perigoso para ela? Não quero ser como o Grant. Mas talvez eu já seja.
Duas pequenas mãos tocaram os meus ombros, trazendo-me para fora do acúmulo de pensamentos. Olivia passou por cima do tronco e sentou-se ao meu lado.
— Está bem frio aqui. Que horas são?
— Quase cinco. — Olhei para ela.
Os olhos dela estavam um pouco inchados pelo sono e os seus cabelos estavam desgrenhados. Mas ainda assim era linda e muito sexy.
— Você estava linda ontem à noite. Acho que não tive tempo de dizer isso.
Ela sorriu docemente.
— Obrigada. Você está sempre bonito. — Olhou para frente. — Nossa! Achei que o céu ontem estava lindo, mas isso… Isso é perfeito. Parece até uma aquarela.
Os seus braços passaram pelo meu, abraçando-o, e sua cabeça se deitou no meu ombro. O calor dela era muito aconchegante. Baixinho, ela começou a cantar a música Here Come The Sun. Encostei os meus lábios na sua cabeça e, sem eu permitir, os meus olhos se fecharam. Senti o meu coração bater mais rápido, forte. As mãos dela tocaram a minha, guardando-a entre as suas palmas.
De repente, recobrei a consciência do que estava fazendo. E não, esse tipo de contato afetuoso não podia acontecer. Não era isso que desejava dela. Era para ser casual, carnal, prazeroso. E não amoroso. Estávamos indo longe demais! Levantei-me em um pulo. Olivia me olhou um pouco assustada e confusa.
— Tudo bem?
— Temos que ir! — Caminhei em direção ao carro.
Recolhi o cobertor no chão, a lanterna e guardei na traseira da caminhonete. Olivia abriu a porta do passageiro na frente e pegou as suas roupas sobre o banco. Um tanto depressa, ela se vestiu, calçou as botas e entrou no carro.
Assumi o volante e dirigi de volta para o estacionamento de trailers. Ela estava tensa, eu pude perceber. Durante todo o caminho não disse uma palavra sequer. Embora quisesse que ela falasse algo para eu saber que estava tudo bem entre nós, no fundo, agradecia o silêncio. Estava me sentindo um pouco nervoso. Estranhamente nervoso.
Quando chegamos, ela logo desceu do carro e eu fiz o mesmo, acompanhando-a até a porta. Olivia abriu-a e olhou para mim.
— Eu te ligo — falei, antes de voltar à caminhonete.
— Por que estou sentindo que fiz algo errado?
Parei e virei-me para ela.
— Não fez.
— Você teve uma reação não muito acolhedora quando recostei em você. Ficou calado o caminho todo nem sequer me olhou. Não tem que ser duro comigo o tempo todo.
— Não se trata de ser duro. Se trata de impor limites.
— Limites?
Esfreguei o polegar no rosto, logo abaixo do lábio inferior, e respirei fundo, desviando o olhar dela por alguns instantes antes de me aproximar outra vez.
— Se não impormos limites na aproximação, podemos começar a sentir coisas que não serão bem-vindas.
— Está falando de se apaixonar? — Encarava-me com um olhar questionador e sobrancelha arqueada.
— É. Estou falando disso. É sexual, Olivia. Tem data para acabar. Eu procuro muita coisa na minha vida, mas um namoro não é uma delas.
— Okay. — Ela deu-me um pequeno sorriso que não soube decifrar se havia ou não humor nele.
Olivia entrou no trailer e puxou a porta, fechando-a em seguida. Eu entrei no carro e segui viagem para o rancho. Ao chegar, logo Jayson me avistou e veio ao meu encontro.
— Fiquei sabendo o que aconteceu com a Olivia. Disseram que você estava lá e a ajudou.
— Sim. É verdade.
— Que cara maluco! Eu tentei ligar para ela, mas não atendeu.
— Ela está bem.
— Como sabe? — Estreitou os olhos para mim.
— Ela disse estar bem quando a vi pela última vez.
— Disseram que o desgraçado do Perry Grant vai sair amanhã. O juiz concedeu fiança.
— Imaginei que aconteceria.
— Um cretino como ele, devia ficar preso!
— É ele devia.
— Está tudo bem, cara? Está sério. Saiu bem cedo hoje. Foi ver o papai?
— Tinha coisas para fazer na cidade. — Caminhei para o estábulo.
— Você parece chateado — disse, vindo atrás de mim.
— Não me enche o saco, Jayson! — falei bem alto.
— Okay.
Ergueu as mãos para cima em sinal de redenção e se foi.
— Quer que eu sele o Atlas, senhor?
— Sim. Onde está o Tip?
— No pasto.
— Tivemos mais problemas por lá?
— Não, tudo tranquilo. O senhor está bem?
— Por que está todo mundo me perguntando isso? — Fui um tanto impaciente.
— Porque o senhor está com a cara de quem acabou de enterrar alguém.
Respirei fundo e peguei as rédeas do Atlas, montando-o em seguida.
— Se eu desencontrar com o Tip, diga que quero falar com ele.
— Sim, senhor.
Segui cavalgando rumo ao pasto. O dia foi um tanto conturbado e a minha concentração estava péssima. A mente traiçoeira só pensava em um único nome: Olivia. Quando o fim da lida chegou, levei Atlas de volta ao estábulo. Um barulho inconfundível começou a ecoar do céu. Quando saí, logo avistei o helicóptero da fazendo descer em meio ao campo próximo da sede. Um pequeno sorriso brotou nos meus lábios. O meu pai estava em casa, pela primeira vez em meses.
Entrei na caminhonete e fui para lá. Ao estacionar, pela estrada, vinha um carro sedan, de luxo. Jayme também estava chegando. Jantar em família ou um problema cabeludo? Lá se foi o meu sorriso.
— Pai… — disse cumprimentando-o.
— Vim checar a ordem do lugar — disse em um tom humorado, abraçando-me em seguida.
— Oi, Jayden — disse Jannet, com um falso sorriso no rosto.
Dei-lhe um curto aceno com a cabeça.
— Governador — chamou Jayme, empolgado em vê-lo.
Os dois se abraçaram e todos entramos em casa. Logo Jayson desceu de banho tomado. Ele era o único que não ficava muito feliz com essas visitas.
— Alguém me sirva uma bebida — pediu o nosso pai, sentando-se na sua poltrona favorita.
Eu apressadamente caminhei até o bar junto à parede e servi cinco doses do seu uísque favorito. Entreguei o seu copo em mãos e coloquei a bandeja na mesa de centro, apanhando a minha dose.
— E então… como estão as coisas por aqui?
— Tudo certo — respondi-o, chegando mais perto da lareira acesa.
— O inverno esse ano parece que vai ser rigoroso. Como estamos com a questão sobre alimentar o gado?
— Estamos criando um estoque de feno e produzindo ração. Terá suficiente para suportar a temporada. Sem necessidade de transportar o gado para o Texas.
— Soube que bancou o herói na feira ontem, Jayden — disse Jannet.
Olhei-a com olhos estreitos. Não era um assunto para ser tocado naquele momento, e ela sabia disso.
— Me disseram que defendeu uma cantora de um suposto ataque. — Sorriu maliciosa.
— Explique-me esse ato heroico — pediu o meu pai.
— Jayden defendeu a namo…
— Um lunático tentou asfixiar a cantora de ontem à noite — falei rapidamente, interrompendo Jannet. Eu sabia o que ela estava prestes a falar alguma asneira para me irritar.
— Que sorte a dela você estar lá.
— Sim. — Encarei a minha irmã com olhar odioso e mandíbula contraída.
— Papai resolveu fazer a festa de aniversário dele. Eu o convenci ser importante, ainda mais agora que é o governador de Montana — disse ela.
— Adoro festas, então, gosto da notícia — falou Jayson.
— Jannet está organizando tudo. Eu pedi que não fosse nada grande, mas acho que ela não meu ouviu. — Sorriu amoroso para ela. A filinha do papai. A queridinha.
— Eu pensei contratar a moça que quase morreu. Como é mesmo o nome dela… — Fez-se de desentendida.
— Olivia Davis — disse Jayson, com um pouco empolgação. — Ela é ótima, já a vi cantar.
— Alguém tem o contato dela ou do empresário? — perguntou Jannet. — Jayden? Você deve ter o número dela.
A minha respiração pesou um pouco. Queria poder mandá-la ir se foder agora mesmo. Ela estava jogando comigo, me provocando. Sem dúvidas sabia sobre mim e Olivia. Mas, como?
— Não tenho. — Forcei um sorriso.
— Senhores… O jantar está à mesa — anunciou o cozinheiro, antes de se retirar em seguida.
— Bom… Vamos comer — disse o meu pai, levantando-se e seguindo para a sala de jantar.
Jayme se levantou e veio até mim.
— A medida já está valendo — sussurrou no meu ouvindo, seguindo o mesmo caminho do nosso pai e Jayson.
— Como você soube? — perguntei para a minha irmã.
Ela se levantou e aproximou.
— Eu a vi saindo da sua cabana. Pobre moça. Não sabe na toca do que está se enfiando. Será que eu devia avisá-la? — Riu, encarando-me.
— O que você quer Jannet?
— Que você não estrague a cabeça de mais nenhuma garota.
— Aquilo não foi minha culpa! — disse entredentes, irado.
— Bonnie enfiou uma bala na cabeça porque você a enlouqueceu com esse seu fetiche doentio. Poderia ter ajudado ela naquela noite, mas preferiu apenas dar as costas. Covarde! Egoísta!
— Por que não vai se foder? — disse alto, dando um passo na sua direção, peitando-a.
— Jayden! — Escutei a voz do nosso pai. — Vamos jantar.
Encarei Jannet cheio de ódio por mais alguns segundos e me afastei, seguindo para a sala de jantar.

Doze anos atrás…
— Jayden… eu imploro! Eu imploro! — Bonnie tinha a face banhada em lágrimas e desespero.
— Já disse que não quero um namoro! É tão difícil entender? — gritei com ela.
— Deixei que você me tocasse da forma que quisesse. Deixei me amarrar, amordaçar, me punir e foder comigo até a exaustão!
— Pare! A gente tinha um acordo! Era só sexo! Íamos experimentar isso juntos, mas nada além de prazer e diversão! Eu não te prometi amor!
— Você me fez sua! Jurou cuidar de mim. É o meu dono!
— Não disse que seria para sempre.
— Eu te amo! — disse, agarrando-se em mim.
— Mas eu não amo você! Nunca amei! Nunca senti nada além de tesão! — Empurrei-a.
Foi como se eu pudesse ouvir o som do seu coração se quebrando. A sua face de decepção e dor era imensa. Senti-me muito mal por ela naquele instante.
— Você acabou comigo. — Afastou-se. — Com a minha vida! — gritou.
— Bonnie… por favor. Tínhamos um combinado!
— Quando eu morrer, você vai se arrepender. Irá carregar eternamente a culpa.
— Pare! O que está dizendo? Bonnie… só entenda! Eu não te amo. Não desejo um relacionamento amoroso. Gostava do que tínhamos e da sua companhia, mas era apenas isso! Tínhamos um desejo, uma curiosidade em comum. Fetiches. Por isso criamos o acordo.
— Você me matou — disse em prantos.
— Você precisa se acalmar. Vou te levar para casa.
Encarava-a assustado. Não sabia o que estava acontecendo. O que ela estava dizendo? Estava anunciando um suicídio? Isso estava estranho. Bonnie não era assim. Não era uma mulher desequilibrada. Erámos amigos há anos, eu a conhecia bem. Era como se… como se ela estivesse em surto.
— Bonnie… você não está bem! Me deixe te levar embora.
Tentei me aproximar, mas ela apanhou uma pá escorada ao canto e acertou-a na minha cabeça, causando grande dor e um pequeno corte na testa que sangrou abundantemente.
— Porra! O que está fazendo? Você é maluca! — gritei, sentindo-me um pouco tonto e irado outra vez.
— Você me matou, Jayden Bennett! — berrou mais uma vez antes de sair correndo do estábulo.
— Jayden? — Tip chamou por mim, entrando pelas portas do fundo. — Você está bem, cara? Ouvi a gritaria.
— A Bonnie bateu com a pá na minha cabeça.
— Caralho! Deixe-me ver.
Tirei a mão de cima do corte e ele fez uma cara feia.
— Isso está bem mal. Eu vou chamar o Lloyd.
Ele saiu correndo e eu fiquei sentado no chão. Lloyd logo apareceu e fez um curativo no lado esquerdo.
— Essa garota está mesmo irritada. O que você fez? — perguntou ele.
— Só disse que não quero namorar ela.
— Porra! Quem é a garota?
— A filha do Dutton.
— A amiga da Jannet? — perguntou apreensivo.
— Não. A irmã mais nova dela.
— Ainda bem. Se fosse a melhor amiga da sua irmã, ela ficaria bem irritada com você.
— Você levaria outra pazada na cabeça — disse Tip, rindo em seguida.
— Eu não sei… ela não estava normal. Eu a conheço há anos. Ela parecia…
— Maluca? — perguntou Lloyd.
— É. Completamente fora de si. Saiu daqui dizendo que a matei. Pareceu um anúncio de suicídio.
Lloyd olhou para Tip e depois para mim.
— Okay, filho. — Segurou o meu ombro, segurando-o firmemente. — A esposa do velho Dutton, a vó dessa garota, era esquizofrênica. Talvez a menina sofra do mesmo mal.
Olhei-o chocado.
— Acho que você devia ir até a casa dela para garantir que fique bem. Talvez contar aos pais o que aconteceu.
— Se eu fizer isso, terei que contar que estava transando com a filha deles há quase um ano.
— Bom… O Wes Dutton não vai gostar nada disso. Mas é preciso.
— Tudo bem. — Coloquei-me de pé.
— Quer que eu vá com você? — perguntou Tip.
— Não precisa.
Deixei o estábulo e segui para casa. Parei ao lado da velha Ranger e encarei-a incerto. Já tinha quase uma hora que Bonnie havia ido embora. Talvez já estivesse mais calma, passado a raiva. Respirei fundo e sentei-me na varanda de casa. A verdade é que eu tinha medo de ir até lá e encarar o seu pai. Pensava se isso era de fato necessário. Depois de um longo tempo, decidi que não faria isso, não iria até o Rancho Dutton. Ao fechar a porta da entrada, Jannet apareceu, do nada, esmurrando.
— O que está fazendo? Pare, Jannet! — Empurrei-a para o sofá.
— A Kelsey ligou há horas. A Bonnie chegou completamente em prantos em casa! Ela disse que a culpa é sua. O que você fez com ela? — gritou.
— Eu não fiz nada! — berrei de volta.
— Nem vem! Eu sei do lance doentio entre vocês! Você é a droga de um pervertido. Vou contar isso ao nosso pai!
— Eu não fiz nada, Jannet.
— É melhor consertar isso!
Ela saiu da sala, subindo as escadas. Entrei em pânico. Lloyd estava certo. Precisava ir até lá, contar aos pais dela o que havia acontecido. Deixei a casa a passos apressados indo até o carro. Dirigi para o Rancho Dutton o mais rápido que pude. Mas, ao me aproximar da casa, havia uma ambulância e uma viatura da polícia. Desci do carro completamente tenso. O meu coração batia rápido e o fôlego era cada segundo mais curto.
Então, de dentro da casa, saiu uma maca sendo arrastada por paramédicos. Sobre ela, um corpo coberto por um manto branco, manchado de sangue sob a cabeça. Era tarde demais. Eu havia me separada dela por pouco mais de uma hora e Bonnie havia ido. Mas, a culpa não era minha. Ou era?
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Com amor,
Larissa Braz.