Dominada Pelo Cowboy - Capítulo 20
Atualizado: 20 de out.
Livro 1 da série Amores Ideais
Conteúdo adulto. Registro Copyright em 172 países - maio de 2023 | Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro - maio de 2023 | Autora Larissa Braz.
Representantes jurídicos advertem: Plágio é crime! A violação dos direitos autorais é CRIME previsto no artigo 184 do Código Penal 3, com punição que vai desde o pagamento de multa até a reclusão de quatro anos, dependendo da extensão e da forma como o direito do autor foi violado.
Instrução: Ao tocar no nome das músicas citadas no texto, você será encaminhado para o videoclipe da mesma, no YouTube.
Olivia
— Isso é mesmo necessário? — perguntei para Jayson.
— Você não conhece a minha irmã. Ela tem mania de perfeição. Quer tudo e todo mundo impecável — disse ele, enquanto o alfaiate marcava medidas no terno que estava sendo feito especialmente para ele.
— Bom, então é melhor eu começar a repensar na roupa que vou vestir.
— Você fica linda com qualquer coisa.
Olhei-o através do reflexo do espelho. Jayson sorria docemente. Teria sido mais fácil se eu tivesse me apaixonado por ele e não pela sua versão rude quatro anos mais velha.
— Então vou subir ao palco usando um saco de batatas na festa de sessenta anos do seu pai.
Ele riu.
Apanhei uma pena de pavão sobre uma bancada e virei-me para ele, aproximando. Ainda faltava muito para terminar a roupa, mas já era possível imaginar como ela ficaria em seu corpo. Jayson era mais magro do que seu irmão e tinha uma postura impecável.
— Está ficando bonito.
O sino acima da porta soou anunciando a entrada de mais alguém no ateliê. Olhei por cima do ombro, em direção à entrada, e não estava preparada para quem veria entrar. Meus ombros ficaram tensos e o meu coração palpitou. Meus olhos se arregalaram com surpresa e as mãos ficaram levemente trêmulas.
— Jayden? — Jayson chamou pelo irmão, atraindo a sua atenção para nós.
Quando seus olhos azuis me encontraram, a feição carrancuda dele mudou para um semblante surpreso.
— Bem na hora, Jayden — disse o alfaiate. — Já estou terminando aqui.
Ele terminou de alfinetar a barra da calça e disse para Jayson que ele podia ir se trocar.
— Não sabia que também tinha mandado fazer uma roupa para o fim de semana que vem — falou Jayson.
Jayden deslizou os olhos de mim para o seu irmão.
— Ela já está pronta. Só vim buscar.
— Vou me trocar e já volto — Jayson disse para mim.
Eu assenti e ele se foi para o fundo da loja, entrando em um dos dois provadores. O alfaiate havia sumido por uma portinha indo para o seu depósito. Eu e Jayden fomos deixados sozinhos, depois de três dias sem nos ver ou falar um com o outro.
— Não respondeu as minhas mensagens — disse ele.
Encarei a pena nas minhas mãos, girando a sua ponta entre os dedos.
— Não sei se ainda temos muito o que conversar.
Respirando fundo, ele se aproximou a passos lentos.
— Eu fui grosseiro naquela noite. Não devia ter falado com você naquele tom.
Assenti, encarando a parede à minha frente, sem a coragem de olhá-lo.
— Nós ainda não acabamos — disse ele, tocando suavemente o meu antebraço com as pontas dos seus dedos.
Minha pele formigou instantaneamente e senti-me um pouco mais nervosa.
— Eu acho que sim — disse baixo, sentindo um nó se formar na garganta.
— Estou pronto — disse Jayson ao retornar.
Jayden rapidamente afastou a sua mão de mim e deu um passo para o lado. Olhei para Jayson e respirei fundo, forçando um sorriso.
— Então já podemos ir. — Coloquei a pena de volta sobre a bancada e andei em direção à porta.
— Tudo bem? — ele perguntou.
— Uhum — murmurei enquanto caminhávamos juntos pela calçada.
Fomos até outra loja, onde ele comprou um bar de botas na cor preta. Depois, seguimos até um dos melhores restaurantes da cidade para almoçarmos. Eu gostava da sua companhia. Nos últimos dias, estávamos sempre juntos e isso era divertido, ajudava-me a não ficar triste o tempo todo. Até mesmo Tate gostava da presença dele.
Na saída, riamos de qualquer besteira dita por ele, quando, de repente, Jayson se calou. Interrompeu os seus passos bruscamente e o corpo tensionou por inteiro. O seu olhar mudou, tornando-se mais atento e estreito. Girou-se vagarosamente, observando a todos à sua volta com o cenho franzido.
— O que foi? — perguntei confusa e um pouco preocupada. O comportamento estava muito estranho.
— É que... sei lá. Acho que ouvi uma voz familiar.
Caminhou a passos lentos para a calçada e parou novamente, encarando um grupo de três mulheres que se distanciavam.
— Jayson! — chamei-o, indo atrás dele. — Quem está procurando?
— A voz. — Olhou-me um pouco atordoado.
— Você está bem?
Ele parecia estar falando coisa com coisa. Continuava encarando as pessoas a sua volta de um jeito estranho. Voltou até a entrada do restaurante, parou por alguns segundos observando os outros ali dentro e depois veio até mim.
— Está me deixando assustada.
— Desculpe. É que... Eu a ouvi, tenho certeza.
— Ouviu quem? — Segurei-o pelos braços, chamando a sua atenção para mim.
— A voz que não me deixou partir.
— Okay. Acho que você precisa de um sorvete e se sentar.
Segurando-o pela mão, atravessamos a rua até uma sorveteria. Entramos e ele logo se sentou em uma mesa diante da vitrine, que tinha vista para a rua. Comprei duas casquinhas com bolas de sorvete de chocolate e entreguei-o uma, acomodando-me à sua frente.
— Jayson... Você quer explicar melhor o que aconteceu lá fora?
— Quando estive em coma, tinha uma voz que conversava comigo. Ela dizia para não desistir e me falava centenas de coisas boas sobre a vida que eu ainda tinha para viver. Posso dizer que decidi ficar por causa dela. Era uma voz doce e feminina. Mas quando acordei, ninguém no hospital sabia quem era. Acharam que eu estava louco. Falei com as enfermeiras que cuidaram de mim e não era nenhuma delas. Por meses sonhei com essa voz. Centenas de vezes imaginei um rosto para ela. Mas... desde que deixei o coma, nunca mais a ouvi.
— Até hoje.
— Ou eu estou ficando louco, ou a escutei, sim, na saída do restaurante. Droga! Tinha tanta gente saindo ao mesmo tempo que nós. — Jayson abaixou a cabeça e suspirou frutado.
— Bom... Podemos voltar outro dia no restaurante. Com sorte, ela voltará também.
Ele olhou-me e sorriu, triste.
— Obrigado por isso.
Segurou minha mão sobre a mesa, apertando-a por alguns segundos e então soltou-a, dando atenção ao seu sorvete.
— Agora vamos falar de você.
— De mim? — Franzi o cenho.
— Sim. Ou melhor... De você e do Jayden.
Meu pequeno sorriso se desfez rapidamente e meus olhos desviaram-se dele, envergonhados.
— Tudo bem, Olivia. Eu sei sobre vocês dois.
— Como? E desde quando? — perguntei, ainda sem coragem de olhá-lo.
— Desconfiei e quando perguntei alguns dias atrás, Jayden confirmou.
Fechei os olhos por alguns segundos e respirei fundo antes de olhá-lo.
— Desculpe.
— Não tem que se desculpar por nada. Foi só um beijo entre nós. Apesar de ainda ter uma quedinha por você, por mim, tudo bem se relacionarem — falou em um tom humorado. — Mas eu senti um clima meio tenso hoje. Não estão mais juntos?
— Acho que nunca estivemos de verdade. Para ele é tudo muito carnal.
— E para você?
— Era no início, mas logo deixou de ser.
— Eu sinto muito. — Havia um pouco de compaixão no seu tom de voz.
— Por quê?
— Porque você está magoada. Quando a gente se apaixona por alguém, não é assim que queremos que as coisas acabem.
— Mas a culpa não é dele. Foi clara como a água desde o começo. Ele falou que não procurava nada romântico.
— Que imbecil! — resmungou baixinho, negando com a cabeça.
— Não diz isso do seu irmão. Eu sabia que ele não procurava amor.
— Não, ele não procura. Nunca procurou e jamais vai procurar. Mas isso não torna ele menos imbecil, porque é claro que o Jayden gosta de você. Mas está negando isso para si. Se fosse eu no lugar dele, ignoraria tudo o que prometi um dia, só para ter alguém como você.
— Tudo o que prometeu? — questionei, atraindo o seu olhar para mim.
Jayson empertigou a coluna e seus ombros inflaram. Encarou-me com um semblante levemente tenso.
— Estou falando bobagem. Esqueça. — Forçou um sorriso. — Nosso sorvete está derretendo.
Com pressa, ele continuou a tomar o seu sorvete. Eu o observei por mais alguns segundos, enquanto pensava um pouco sobre promessas. Primeiro, Jannet havia falado sobre isso. Agora, Jayson. Peças de um pequeno quebra-cabeça parecia começar a se encaixar para mim. Aparentemente Jayden havia feito uma promessa para si mesmo. Mas que tipo de promessa? Não se apaixonar? Nunca namorar alguém? Isso era estranho.

Quando a noite chegou, estava sentada à mesa do trailer, escrevendo uma música nova para o dia que eu tivesse a chance de lançar o meu próprio álbum.
Lá fora fazia frio e parecia que iria chover logo mais. De repente, comecei a ouvir latidos. Eles não pareciam muito distante. Abri a porta e logo vi o cachorrinho da outra noite.
— Oi. Você me achou?
Ele se sentou diante de mim e abanou o seu rabinho.
— Eu tenho uma coisa para você comer, está com fome?
O cãozinho latiu e tomei aquilo como um sim. Dentro do forno, peguei um croissant que havia assado mais cedo. Saí do trailer e despedacei-o no chão, perto dele. Ainda abanando a sua calda, ele comeu tudo apressadamente. Na cozinha, peguei um pote e enchi-o d’água. Coloquei-o junto da comida, para que ele pudesse beber.
Um trovão ecoou pelo vento, iluminando o céu. Meus ombros se encolheram e o cãozinho também se assustou. Ele comeu o último pedaço e olhou-me, esperando por mais.
— Ainda está com fome? Não tem mais croissant, mas tenho pão.
Ele latiu em resposta e entrei no trailer pegando duas fatias de pão sobre a bancada. Outro trovão estourou lá fora, fazendo as janelas tremerem.
— Está vindo uma chuva bem intensa. Você quer entrar?
— Quero! — respondeu uma voz grossa atrás de mim, assustando-me para caralho.
Gritei, virando-me em um pulo na direção da porta. Meu coração batia acelerado e meus olhos estavam arregalados. Jayden estava parado na porta, segurando o seu chapéu na mão.
— Por Deus! Você precisa parar de me assustar.
— Desculpe. Achei que estivesse falando comigo.
— Não! Estava falando com o cachorro.
— Que cachorro? — Olhou para trás. — Não tem bicho nenhum aqui.
— O quê?
Caminhei para fora e cãozinho não estava mais ali. Para onde ele havia ido dessa vez? Será que tinha ao menos onde se abrigar da intensa chuva?
— Droga. Você o assustou também! — disse irritada.
Um risinho escapou dele, que a parou diante de mim, a milímetros de distância.
— Se esse cachorro existe, ele não quis entrar. Mas, eu posso?
— É claro que ele existe! — falei, brava. — E não. Você não pode entrar. É melhor ir antes que chova.
Virei-me pronta para entrar e fechar a porta na sua cara, mas antes que eu pudesse dar um segundo passo, Jayden estendeu o seu braço e segurou-me firmemente pela cintura, puxando-me de volta para ele.
— Por favor, Olivia... — O seu tom era brando.
Encarei os seus olhos e pude ver um pouco de súplica neles e no seu semblante.
— Eu continuo merecendo o mundo que você não pode me dar. Continuo gostando de você, mais do que deveria. Então, não entendo, Jayden. Por que quer entrar? Para transar e depois dizer que precisa ir? Sair correndo sem ao menos me olhar nos olhos ou se despedir? Se isso é tudo o que pode me oferecer, é pouco para mim, mesmo que eu tenha concordado no início.
A respiração dele ficou mais forte. O braço no meu entorno, apertou-me mais. A boca se abriu pronta para dizer algo que ele não teve coragem. Então, se fechou novamente, dirigindo-se até a minha testa. Seus lábios tocaram a minha pele com um beijo leve e demorado. Meus olhos se fecharam e um enorme aperto se formou no peito, juntamente a um nó na garganta. Eu estava apaixonada por Jayden Bennett e adoraria poder dividir com ele uma história ardente de paixão. Mas barcos que percorrem correntezas opostas, não navegam juntos. E isso não é sobre barcos.
— Eu só preciso de você mais uma vez — sussurrou ele, com a voz pesada e entrecortada.
As minhas mãos apertaram os seus braços torneados, com força. Sua face afastou-se da minha e eu pude ver os seus olhos outra vez.
— Hoje não — disse, baixinho.
Ele assentiu e segurou delicadamente a minha nuca, selando os meus lábios em seguida.
Mais um trovão foi ouvido. A chuva começou cair repentinamente e Jayden soltou-me, encarando o céu. Corri para dentro do trailer e fiquei observando-o parado lá fora, olhando para cima e ficando cada segundo mais encharcado. O seu rosto se virou para mim e ele caminhou na minha direção, apanhando a porta. Antes que a fechasse, olhou-me em silêncio por mais alguns segundos. Então se foi, sem se despedir.
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Até breve.
Com amor,
Larissa Braz.