Dominada Pelo Cowboy - Capítulo 23
Atualizado: 25 de out.
Livro 1 da série Amores Ideais
Conteúdo adulto. Registro Copyright em 172 países - maio de 2023 | Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro - maio de 2023 | Autora Larissa Braz.
Representantes jurídicos advertem: Plágio é crime! A violação dos direitos autorais é CRIME previsto no artigo 184 do Código Penal 3, com punição que vai desde o pagamento de multa até a reclusão de quatro anos, dependendo da extensão e da forma como o direito do autor foi violado.
Instrução: Ao tocar no nome das músicas citadas no texto, você será encaminhado para o videoclipe da mesma, no YouTube.
Olivia
Assim que meus pés pisaram no palco e os meus olhos alcançaram a entrada, Jayden surgiu. Agarrada ao microfone, eu o encarava enquanto meu coração batia rápido, estremecendo o colar sobre o peito. Borboletas voaram por meu estômago e eu senti-me imensamente nervosa. As pernas tremeram e as mãos suaram frias.
Ele estava maravilhoso. Nunca imaginei que poderia ficar ainda mais bonito, mas, sim, era perfeitamente possível. Jayden trajava terno cinza e camisa preta. Os primeiros botões estavam abertos, exibindo um pedaço do seu peitoral.
Seus olhos viajaram pelo mar de pessoas, até chegarem nos meus. A carranca dura se desfez rapidamente. Os olhos brilharam e eu pude ver o canto dos seus lábios se erguerem lentamente em algo que fora quase um sorriso.
Então, percebi uma movimentação ao seu redor. Uma mulher morena de corpo esbelto e longos cabelos lisos, aproximou-se dele a passos apressados, parando à sua frente. Eu me lembrava dela. Era alguém bonita demais para se esquecer facilmente ou a presença passar batida. Foi esta mulher que me empurrou para lado no corredor do banheiro, buscando passagem para se jogar nos braços dele certa noite.
Jayden levou os seus olhos de mim para ela. Senti-me péssima e com o coração fragilizado. Respirando fundo e engolindo seco a dor da rejeição, forcei um sorriso para começar o show.
— Estamos prontos — sussurrou Merle.
— Senhoras e senhores, sejam todos bem-vindos — disse, atraindo olhares para mim. — Eu sou Olivia Daves e irei cantar para vocês essa tarde. Se caso alguém desejar pedir uma música especial para o seu par ou para o aniversariante do dia, é só falar comigo. Obrigada.
Peguei o violão ao meu lado e pendurei-o no corpo. Os meus dedos começaram a dedilhar as cordas na introdução da música Heartbroken. Com a boca próxima do microfone, iniciei a canção que fala sobre como o amor nos faz sentir mesmo quando estamos quebrados e cansados. Jayden poderia pensar que a escolha foi proposital. A música poderia funcionar perfeitamente como uma declaração final de amor, como uma tentativa de fazer ficar quem quer partir. Embora a escolha tivesse sido feita por Merle, a usaria como uma última garra de esperança para ter Jayden comigo.
— Used to pray for a rain just to stay inside
Costumava rezar pela chuva só para ficar em casa You wouldn't believe it Every move that I made, I was terrified
Você não acreditaria em cada movimento que eu fazia,
eu estava aterrorizado After every road I took had a bitter end
Depois de cada caminho que eu seguia ter um fim amargo I just couldn't see it I convinced myself tryna trust again
Eu simplesmente não conseguia ver,
eu me convenci tentando confiar novamente
Os meus olhos se fecharam por alguns instantes quando se encheram lágrimas. A todo custo tentava evitar um nó na garganta para não desafinar. Sentia-me abalada.
— Would be like tryna make a river goin' upstream
Seria como tentar fazer um rio fluir contra a correnteza
Tryna make a mountain into a valley
Tentar transformar uma montanha em um vale That's what your love does to me
Isso é o que o seu amor faz comigo You make me feel
Você me faz sentir
Minhas pálpebras se abriram e meu olhos foram diretamente em Jayden. Havia um pouco de comoção na sua face. Ele encarava-me enquanto a garota à sua frente tentava tomar para ela toda a sua atenção. A banda começou a tocar e eu entrei no refrão.
— Like I never had my heartbroken
Como se eu nunca tivesse tido meu coração partido
Like I never saw a door closin'
Como se eu nunca tivesse visto uma porta se fechando Like I never watched love run away on fire
In the night like a pack of wild horses
Como se eu nunca tivesse visto o amor fugir em chamas,
na noite como um bando de cavalos selvagens Like I never felt the tears rolling
Como se eu nunca tivesse sentido lágrimas rolando Like I never sit ears open
Como se eu nunca tivesse ouvidos atentos
I could find me someone who's good at being real Who could make me feel wide open
Eu poderia encontrar alguém que seja bom em ser real,
que poderia me fazer sentir bem aberto I could never let my heart open
Eu nunca poderia deixar meu coração se abrir
Porque desejo fazer isso apenas para você, Jayden.
Ele entendeu tudo o que eu desejava dizê-lo com aquela música. Abaixou a cabeça e suspirou deixando os ombros murcharem. Ignorando completamente a mulher que ainda estava à sua frente, abandonou a tenda sem olhar-me sequer uma última vez. Sua atitude foi uma resposta para a minha última tentativa. Ir embora, significava mais do que só fugir daquele espaço. Significava que ele realmente não se encontrava disposto a tentar qualquer coisa por nós. Não se encontrava disposto a quebrar nem uma promessa por mim. Chegava então a hora de dizer-lhe adeus.
Depois de uma hora cantando, fizemos uma pausa. Outro cantor assumiu o palco, voz e violão. Caminhei até o bar e pedi uma água.
— Abriu o show em grande estilo — disse Jayson, parando ao meu lado.
— Foi só mais uma música no repertório.
— Vamos lá, Olivia. Não precisa mentir para mim. Eu vi como cantou aquilo, vi vocês se encarando.
Olhei-o.
— Ele fugiu.
— Eu sei. Vi quando ele saiu.
— Não entendo a escolha dele a nosso respeito. Não entendo o porquê nega o que sente. É tão ridículo! Jayden é um homem adulto. — falei sentindo um pouco de rancor amargar a garganta.
Jayson respirou fundo e olhou ao redor, como se quisesse certificar que não tivesse alguém nos observando. Chegando mais perto, ele começou a dizer em baixo tom:
— Acho que você tem que saber de uma coisa sobre o meu irmão. Não sei se estarei fazendo o certo falar de uma história que não é minha, mas sinto que precisa saber. Vai te ajudar a entender essa confusão inteira que é Jayden Bennett.
— Então, fale!
Virei-me para ele, encarando-o nos olhos.
— Vamos sair daqui.
Pegando-me pela mão, deixamos a tenda por uma saída lateral. Caminhamos até um pouco mais adiante, parando próximo da cerca.
— Há doze anos Jayden se meteu em uma merda bem grande. Ele não tem culpa do que aconteceu, mas, segundo o nosso pai, ainda assim poderia ser preso.
— Que diabos aconteceu? — perguntei sentindo uma pontada de preocupação.
— Uma garota que com ele era envolvido tirou a própria vida. Jayden sabia o que ela ia fazer, mas não fez nada para impedir, porque não acreditava nas suas palavras. A família dela prestou queixa contra ele e moveu um processo. Meu pai o ajudou. Não sei como e nem o que fez. Acho que deu muita grana para a família dela desistir do processo. Sei que também moveu alguns pauzinhos com o polícia de Helena para arquivarem o caso.
— Isso é horrível, mas... não estou entendo onde quer chegar.
— Jack não é o homem que todos pensam ser. Ele é mal. Tomou do filho que mais o amava e admirava, a sua liberdade em troca da ajuda que precisava. Eu estava lá. Vi e ouvi quando Jayden prometeu para ele viver somente para o trabalho no rancho. E depois o nosso pai o ameaçou. Disse que se um dia ele quebrasse a sua promessa, seria punido com a expulsão das terras que também são dele por direito. Falou que Jayden seria como um filho morto.
— Isso é horrível! — disse, em choque, olhando-o com olhos arregalados.
— Eu avisei que Jack não é bom. Ele tentou fazer o mesmo comigo. Mas eu não deixei, ao menos não da mesma forma que fez com o Jayden. O problema todo é que conseguiu direitinho manipular o filho mais vulnerável e submisso a ele. Jayden sempre enxergou Jack como uma referência de homem a ser seguida ou algum tipo de herói sem capa. Até mesmo antes, fazia tudo o que ele mandava. Sempre foi devoto daquele que acabou com sua vida, quando tinha apenas vinte e um anos.
Eu me encontrava atônita. Essa história toda era absurda. Parecia uma fabula de terror. Mas, a partir disso, certas coisas para mim começavam a fazer sentido. Jayden não tinha controle sobre a própria vida, por isso procurava obter controle sobre mulheres. Agarrou-se aos prazeres sexuais, quando apenas isso é o que lhe foi permitido sentir com outra pessoa.
— Acho que vou levar um tempo para digerir toda essa história.
— Então, agora você entende. Se ele te escolher, estará fazendo uma troca. A família e esse lugar, por você. E não acho que ele não tenha feito isso porque não a ama, eu vi como te olha. Acho que apenas não quer quebrar a bendita promessa. Isso iria aborrecer o nosso pai.
— Eu não aguento mais ouvir essa palavra! — Tampei meus ouvidos por alguns segundos e respirei fundo. — O que eu faço com tanta informação? — Olhei novamente para Jayson.
— Nada. — Deu de ombros. — É o Jayden quem tem que querer sair dos cabrestos. Você já disse que o ama. E ele sabe onde te encontrar.
Assenti, sentindo um imenso pesar. Jayson abraçou-me, apoiando minha cabeça sobre o seu peito.
— Existe muita nobreza em lutar por quem se ama. E sei que pensa que isso é o certo a se fazer por ele, mas preciso dizer que nem sempre. Às vezes, é apenas humilhante e desgastante — disse ele, antes de me soltar.
Jayson estava sendo cirúrgico com as suas palavras e eu o agradecia internamente por isso. De vez em quando é somente disso que precisamos.
Tate se aproximou e chamou-me para retornar ao placo. Depois de mais uma longa hora cantando para que as pessoas dançassem alegremente, eu me despedi de todos. O tempo todo Jack observava-me de longe. Quando desci do palco, um garçom se aproximou entregando-me uma garrafa d’água. Logo que se afastou, vi Jack caminhar vagarosamente na minha direção, como se tentasse se aproximar de modo que os presentes não notassem.
— Foi um belo show — disse ele.
Engolindo em seco, forcei um sorriso.
— Obrigada.
— Os meus filhos gostam de você. E não me refiro somente a música.
O meu sorriso se desfez. Meus ombros ficaram tensos. Olhei ao redor procurando um pretexto para me afastar dele, mas não vi nada e nem ninguém que pudesse me salvar dali. Eu poderia apenas sair, mas não queria parecer mal-educada.
— Seus filhos são boas pessoas. Também gosto deles.
Um sorriso frio formou-se nos seus lábios.
— Eu sei. Eu os criei. Mas acho que você devia se manter longe.
— Eles são adultos. Não podem escolher com quem conversar? Não dá a eles o livre arbítrio? — Encarei-o, sentindo-me um pouco irritada e a tensão pesar os ombros.
— Acho que eles não vão querer conversar com uma garota mentirosa — sussurrou para mim, enlarguecendo o seu sorriso.
Respirei fundo e empertiguei a coluna, dando mais firmeza a minha postura. A irritação transfora-se rapidamente em nervosismo e um pouco de medo.
— Não sei do que o senhor está falando.
— Só se passaram doze anos, Olivia. Eu ainda me lembro de você. Ou eu devo lhe chamar de Samantha? Você está ainda mais parecida com que me lembro da sua mãe.
Os meus olhos se arregalaram e um calafrio percorreu o meu corpo.
— Eles não sabem sobre aquilo.
— E vão continuar sem saber. Afaste-se deles. Ou eu conto que a garota de belos olhos verdes e voz encantadora, assassinou o próprio pai.
A respiração ofegou. Minhas mãos ficaram trêmulas e meu coração acelerou no peito.
— Me lembro de mandá-la sumir e nunca mais voltar. O que quer aqui?
— Eu vim cantar. É o que faço viajando pelo mundo. — Tentei ser convincente.
Ele riu.
— Governador! — Um homem o chamou ao se aproximar.
Ele virou-se para cumprimentá-lo e aproveitei a chance para sair correndo dali. Com as pernas bambas, deixei a tenda. O ar queimava nos meus pulmões que pareciam menores. Tanto tempo havia se passado. Eu havia mudado tanto. Achei que ninguém me reconheceria, mas subestimei a memória de quem não devia.
Lá fora, andei em direção para onde o nosso ônibus estava estacionado. Ao me aproximar, um casal se agarrava loucamente encostados na lataria empoeirada. Ambos notaram a minha presença e soltaram-se, olhando-me assustados. Jannet estava descabelada e tinha a barra do seu vestido erguido até a cintura. O peão à sua frente estava com a boca suja de batom vermelho e tinha os botões da camisa arrebentados. O cinto e braguilha do seu jeans justo também estavam abertos.
— Desculpe — disse, dando meia-volta e saindo dali rapidamente.
Subi para o alto de um pequeno morro que ficava distante do ônibus e da festa. Eu precisava ficar sozinha. Estava sendo um dia e tanto para o meu emocional. Sentando-me na grama alta, respirei fundo e fechei os olhos, curtindo a brisa fresca e gélida que vinha contra o meu rosto.
Quando os meus olhos se abriram, avistei um homem andar na minha direção. Meu coração estremeceu e novamente borboletas voaram pelo meu estômago. Jayden parou alguns metros à minha frente. Encaramo-nos por longos minutos, em silêncio. Não queria ser a primeira a dizer algo, mas acho que ele também não. Então, desviando os olhos dele, comecei a falar:
— Eu não posso pedir que troque tudo por mim. — Abaixei a minha cabeça. — Mas acho que posso pedir que troque tudo por si mesmo. Pela sua liberdade. — Olhei-o novamente. — Eu te amo, Jayden. Se amor fosse uma escolha, certamente eu escolheria você. Mas, agora, a única coisa que quero é saber quanto tempo esse sentimento vai levar para acabar, porque está me sufocando. Não posso esperar pelo seu despertar para sempre. — Levantei-me, indo até ele. — Mas se um dia livrar das suas amarras invisíveis, gostaria de ficar sabendo. Gostaria de poder ver você. Porque mesmo que hoje não tenha escolhido a mim, eu não te odeio por isso. Vou sempre estar esperando por notícias suas.
Jayden retirou o chapéu e eu pude ver melhor os seus olhos. O mar azul brilhava cheios de lágrimas, assim como os meus. Um sorriso doloroso se formou no meu rosto.
— Espero que esse não seja o nosso último encontro, mas se for... Adeus, Jayden.
Colocando-me nas pontas dos pés, beijei demoradamente o seu rosto. Antes de me afastar, fechei os olhos e respirei fundo o seu perfume mais uma vez. Então, passei por ele, seguindo um caminho diferente agora, sozinha.
Encontrei Tate próximo da tenda. Ele conversava com alguns peões, junto a Clay. Eu acenei para ele, chamando-o.
— Estava te procurando — disse ele, vindo até mim.
— Quem são os caras?
— São os peões daqui.
— Estão todos aqui, bebendo? — Olhei para a aglomeração de homens que riam alto com cervejas nas mãos.
— Dia de festa. — Tate ergueu a sua que segurava na mão direita.
— Eu preciso sair daqui. Tudo bem se você for embora com os meninos?
— É claro. A gente recolhe o equipamento. Eu sei que estar perto dele talvez seja demais.
— Você não imagina o quanto.
Suspirei.
— A gente se vê mais tarde.
Tate retirou a chave do bolso da sua calça e entregou-me. Segui para a área que estava servindo como estacionamento de carros e entrei na caminhonete, dando partida no motor. Ao deixar o rancho, segui à esquerda pela estrada de terra. Quando me aproximei da antiga entrada da fazenda que um dia pertenceu a minha família, parei o carro.
O meu celular soou um alerta. Apanhei-o no painel e desbloqueei a tela. Era uma mensagem do Jayson, ele queria saber onde eu estava.
Não me sinto bem aí.
Acho que você me entende.
Nos vemos depois.
Olivia
04:15 pm
É claro.
Te ligo amanhã.
Jayson
04:16 pm
Coloquei o telefone sobre o banco passageiro e abri a porta, descendo. Caminhei até a cerca e encarei o pasto que começava a queimar com a chegada do inverno. Eu me lembro de ver o meu pai arar cada canto dessa terra.
Respirando fundo, segui até a traseira da caminhonete, abrindo-a. Erguendo a lona, apanhei um par de botas de borrachas, trocando-as pelas que usava. Amarrei a barra do vestido na altura dos meus joelhos e, então, apanhei um alicate de pressão e uma pá.
Eu precisava cavar.
Tinha algo para encontrar e uma dívida a pagar.
E não havia mais muito tempo.
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Até breve.
Com amor,
Larissa Braz.