Dominada Pelo Cowboy - Capítulo 25
Atualizado: 16 de nov.
Livro 1 da série Amores Ideais
Conteúdo adulto. Registro Copyright em 172 países - maio de 2023 | Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro - maio de 2023 | Autora Larissa Braz.
Representantes jurídicos advertem: Plágio é crime! A violação dos direitos autorais é CRIME previsto no artigo 184 do Código Penal 3, com punição que vai desde o pagamento de multa até a reclusão de quatro anos, dependendo da extensão e da forma como o direito do autor foi violado.
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Jayden
O céu ainda estava escuro lá fora. O cheiro de café emanava pela cabana. De pé diante da TV, abotoava a camisa enquanto assistia ao primeiro noticiário do dia. A cafeteira apitou anunciando que o café estava pronto. Virei-me em direção à cozinha e despretensiosamente meus olhos desceram até a pequena lixeira ao lado do aparador. A foto que Olivia havia tirado, ainda estava lá, por cima de alguns recibos amassados. Eu a apanhei e observei a imagem. Podia ter olhado para câmera, teria sido apenas alguns segundos e um registro eterno. Ela, é claro, estava linda. Olhos brilhantes, sorriso doce... Sentia tanto a sua falta.
Dobrando a foto ao meio, caminhei até o chapéu pendurado na parede ao lado da entrada. Peguei-o e virei a sua parte interna para cima. Coloquei a sua foto presa a fita costurada na borda. Um sorriso genuíno marcou os meus lábios. Um cowboy colocar a foto de uma garota por dentro do seu chapéu era uma declaração oficial de que ele está apaixonado por aquela mulher.
Coloquei o chapéu na cabeça e caminhei até o balcão. Peguei a caneca da cafeteira e bebi em grandes goles a bebida fumegante, antes de deixar a casa em direção ao estábulo. Lloyd já havia selado Atlas. Montei sobre o cavalo e cavalguei em direção ao pasto. Sentado sobre o capim úmido pelo orvalho, assisti ao amanhecer. A vida que eu considerava boa, agora me parecia fria e triste. Estar ali nem tinha mais a mesma graça ou emoção de todas as manhãs. O Rancho Bennett começava a não mais se parecer com o melhor lugar do mundo para mim. Até volta para casa no fim do dia, me deixava ligeira e estranhamente incomodo. Olhar para o meu pai me trazia um sentimento frustrante misturado a um pouco de raiva.
Respirando fundo, montei novamente e fiz o caminho de volta para o estábulo.
— Chefe! Na escuta? — perguntou alguém no rádio preso ao arreio do cavalo.
— Estou ouvindo.
— O senhor precisa vir até o pasto oeste. Câmbio.
— Vai me dizer que é um maldito buraco outra vez?
— É melhor o senhor vir até aqui.
— Merda — murmurei para mim mesmo, guardando o rádio.
Cavalguei rápido até o pasto oeste. Ao chegar lá, desmontei entregando as rédeas do Atlas para um dos peões.
— Mas que porra é essa? — perguntei irritado ao ver dois buracos.
— O que acha de fazermos uma visita na reserva? — perguntou Tip. — Isso já passou dos limites. Está cada noite mais frequente. O prejuízo da cerca, apenas acumula.
Olhei na direção da cerca estourada. Aproximei-me dele, analisando por alguns segundos. Caminhei até a estrada e olhei para um lado e depois para o outro.
— Tem marcas de penei até aqui. Elas vêm desse lado. — Apontei para a esquerda. — A reserva fica para o outro lado. Talvez não sejam eles. Não seriam tão ousados a esse ponto, nem mesmo os adolescentes. Vou dar um jeito nisso.
Subi novamente no cavalo e cavalguei às pressas para a sede. Jayson estava sentada na varanda, com uma caneca de café nas mãos.
— Sabe do que está acontecendo no pasto oeste? — perguntei, ao me aproximar.
— Os benditos buracos? É, estou sabendo. O que tem eles? — Tomou um gole do seu café.
— Isso está nos dando prejuízo e me deixando de saco cheio! — falei irritado.
— Devem ser os garotos da reserva.
— Não acho que sejam eles.
— Já foi até lá? Por que não fala com o Harry?
— Tinha marcas de pneus na estrada. Vinham em direção oposta da reserva.
— Okay. O que quer que eu faça?
— Quero que fique lá essa noite. Vá armado! E seja quem for, não deixe o maldito ir embora. Quero ter uma conversinha com ele.
— Não vou atirar em ninguém — falou firmemente.
— Não precisa. Apenas intimide.
— Tudo bem.

Olivia
Encerramos o show às dez. Eu me sentia a beira do esgotamento físico e emocional. Desde a noite pavorosa, eu não conseguia mais dormir bem. E passar parte das madrugadas cavando, estava contribuindo com isso. Ao descer daquele palco, desejava apenas comer e dormir. Mas eu ainda não havia achado o maldito corpo. No banco, as minhas economias não passavam de quinze mil dólares. Estava começando a duvidar que eu fosse conseguir pagar pela dívida.
Na companhia da banda, seguimos para feira. Eu estava com muita fome e precisava urgentemente de algo gorduroso suficiente para saciar a minha ansiedade e me dar energia. Sentados na área de alimentação, comemos hambúrguer e tomamos algumas cervejas. Recolhi o nosso lixo da mesa e levei-o até a lixeira mais próxima.
— Parabéns! O show foi incrível — disse uma mulher ao passar por mim.
— Obrigada — disse, sorrindo.
Descartei o lixo e virei-me pronta para seguir para casa. Dei uma olhada para os lados e meus olhos se encontraram com os do Jayden. Senti um leve arrepio nos braços e meu coração bater um pouco mais forte. Desde a tarde no Rancho Bennett, nunca mais tinha o visto. Ele olhava para mim com a feição endurecida. Meus olhos se desviaram dele e eu respirei fundo, seguindo o meu caminho. Eu sentia certo incômodo no peito misturado a tristeza. Não ter sido escolhi, mesmo que entendesse seu motivo, era doloroso.
Ao me aproximar do trailer, Norman apareceu. Ele havia ficado solto pelo estacionamento enquanto eu estava fora. Entrei em casa e troquei a roupa brilhante e justa ao corpo por um jeans velho, camiseta, botas gastas e um casaco. Ao sair do trailer, segui em direção à caminhonete. Um grupo de homens conversava mais adiante, junto de um trailer de transporte animal. Entre eles, estava Jayden. Seus olhos se ergueram e vieram diretamente para mim. Ele virou-se na minha direção descruzando os braços e deu um passo à frente, mas rapidamente me virei de costas para ele. Não queria que se aproximasse, não agora.
Pelo retrovisor, o vi parar. Ele continuou a me observar. Sem dar tempo para que ele começasse a caminhar até mim novamente, abri a porta do carro e entrei, saindo logo dali. Dirigi sem parar com destino ao Rancho Bennett. Ao me aproximar do pasto oeste, desacelerei e desliguei os faróis. Nem toda noite dava para cavar ali. Às vezes, homens ficavam acampados no pasto. Acho que era para inibir a minha visita e os buracos indesejados, que eles sempre tampavam.
Quando havia homens ali, era possível ver ao longe a luz da fogueira. Por vezes, consegui ouvir o som de um violão. Mas, desta vez, não parecia haver ninguém. Não tinha barulho ou luz. Parei o carro na estrada e desci. Na traseira, peguei a pá, lanterna e o alicate de pressão. Ao me aproximar da cerca, percebi algo diferente. Ela não havia mais sido consertada como todas as outras vezes. Acho que se cansaram do meu estrago. Eu sentia por fazer isso, mas não conseguia passar por entre os arames ou pular a cerca.
Passei pelos arames arrebentados e segui até onde havia cavado na noite anterior. Assim como se cansaram de arrumar a cerca, também haviam se cansado de tampar as valas. Achei isso muito estranho. Talvez eu devesse ir embora. Acendi a lanterna e dei uma boa olhada a minha volta. Não havia movimento algum.
Jogando o alicate e a lanterna no chão, comecei a cavar. O buraco já devia ter uns trinta centímetros de profundidade, quando escutei o som do engatilhar de uma espingarda logo atrás de mim. Um frio correu pela minha espinha, fazendo o meu corpo petrificar com tamanha tensão, susto e medo. As mãos apertaram a pá e a respiração ofegou.
— Largue a pá! — disse uma voz em tom autoritário.
Imediatamente eu soube reconhecê-la. Meu coração bateu ainda mais forte e a tensão triplicou, causando um doloroso nó nos meus ombros.
— Coloque as mãos para cima e vire-se! Agora! — disse ele, mais alto.
Minhas mãos se abriram e a pá caiu aos meus pés. Com as palmas erguidas, virei-me lentamente, com a cabeça baixa. Ele estava há uns três metros de distância. Uma luz forte foi colocada contra o meu rosto, cegando-me.
— Mas o que... Que porra essa? Olivia? — perguntou incrédulo e surpreso.
Tapando com a mão a claridade contra os meus olhos, ergui a face.
— Oi, Jayson.
Ele abaixou a lanterna e eu pude finalmente vê-lo. Seus pés se moveram lentamente até mim, ainda me apontando a arma. Jayson parou e então abaixou a espingarda.
— Que porra você está fazendo?
— Cavando.
— Por quê?
Ele olhou para a vala rasa onde eu estava dentro.
— Procurando uma coisa.
— Eu poderia ter atirado em você! — disse irritado.
— Você não faria isso.
— E se Jayden tivesse mandado outro peão? Com certeza ele não estaria batendo papo com você agora. E se fosse o próprio Jayden? Ele está muito bravo com o que você tem feito. Certamente ele não teria chegado por de trás pedindo que largasse a pá! — Jayson fala quase aos berros.
— Você está bravo porque sou eu quem está cavando ou porque eu poderia ter me machucado?
— Pelos dois!
Ele balançou a cabeça em negação e desviou o olhar para o céu, respirando fundo.
— Saia daí! — ele mandou e assim eu fiz. — Que merda, Olivia!
— Você nem imagina o tamanho.
— É você todo esse tempo? — perguntou ainda um pouco incrédulo.
Eu apenas assenti.
— Eu vou querer saber o que você está fazendo aqui?
— Se eu te disser... não pode falar nada para ninguém.
Ele franziu o cenho, pensativo, mas assentiu por fim.
— Fale logo!
— Lembra da família que morava há alguns quilômetros daqui?
— É claro que me lembro. O que aconteceu foi horrível. Mas como sabe sobre a fazenda? Ela não existe mais.
Respirei fundo, tentando pensar em um jeito mais fácil e menos horrível de falar a verdade sobre mim para ele.
— Eu sei porque... — suspirei cheia de pesar. — Porque eu morava lá. Juli Baker era a minha mãe.
Os olhos dele se arregalaram e os lábios se entreabriram. Jayson estava embasbacado.
— O quê? — perguntou com espanto, dando um passo para trás. — Não! A menina que morava lá desapareceu com o pai. As pessoas dizem que estão mortos!
— E as pessoas estão quase certas. Richard está morto. Eu, não. Fui embora após enterrar algo aqui, que eu preciso muito pegar de volta.
— Você não é a filha dos Baker. Eu me lembro da menina que morava naquela fazenda! Você é diferente!
— Doze anos se passaram, Jayson! Não tenho mais dezessete anos! E duvido muito que se lembrasse de mim, acho até que eu nunca tenha te visto antes.
— Eu via você descer do ônibus todos os dias. Vi quando desceu naquele dia.
Foi a minha vez de olhá-lo com espanto.
— Você a matou? Matou a sua mãe? — O seu tom soou quase como se fosse doloroso para ele me perguntar aquilo.
Neguei com a cabeça.
— Não. Minha mãe era tudo para mim. — Meus olhos se encheram de lágrimas. — Foi o meu pai. Richard fez aqui. Ela já estava morta quando cheguei em casa. Mas fui eu quem o matou. — Jayson fechou os olhos e abaixou a cabeça. Soltou a respiração que prendia no peito, cheio de frustração. — Mas foi sem querer. — Sequei as lágrimas que desciam pela face. — Acho que ele ia fazer comigo o mesmo que fez com ela.
— É o corpo dele que está procurando — constatou, tonando a olhar-me.
— Eu preciso de algo que enterrei com ele. Um colar.
— Um colar? Para quê?
— Para pagar uma dívida.
— Está cavando há meses procurando por uma ossada nesse campo enorme, para recuperar um colar e pagar uma dívida?
Assenti.
— De quanto estamos falando?
— Cem mil dólares.
— Porra! Como fez uma dívida tão grande?
— Eu fiz. Meu pai fez. Um agiota para quem ele morreu devendo muito dinheiro me encontrou. Ele quer cem mil dólares, ou vai me matar.
— Quanto você já tem?
— Quinze mil.
Ele riu, sem humor, colocando a arma no chão e retirando o chapéu.
— Isso não é nada. Eu devo ter uns trinta guardado.
— Não posso aceitar o seu dinheiro.
— O que quer então? Morrer? — perguntou impaciente, passando a mão pelos cabelos.
— Se eu pegar o seu dinheiro, não sei quando vou poder devolver. O colar vale muito, eu sei. É feito em ouro, tem um medalhão e duas pedras de rubi.
— Quanto tempo você tem para pagar esse canalha?
— Uma semana.
— Porra! — xingou entredentes. — Ainda que eu lhe dê o meu dinheiro e juntemos com o que você tem, não chegaremos nem na metade.
— Eu preciso achar o colar.
— O que está fazendo, é quase como procurar uma agulha no palheiro. Eu posso pedir os cinquenta e cinco mil restantes para o Jayden. Ele com certeza tem.
— Não! — disse apressadamente. — Não vamos meter ele nisso, por favor. Jayden vai exigir saber para o que você quer tanto dinheiro. Quero ele longe de mim agora.
Jayson encarou-me em silêncio e olhar duro por alguns segundos. Então, por fim, assentiu.
— Se manda daqui, Olivia. Vai para casa. Mas alguém pode aparecer aqui hoje. Volte amanhã, às oito. Eu já estarei esperando por você, com uma pá.
— Tudo bem.
Apanhei as minhas coisas jogadas no chão e retornei para o carro. Ao entrar, observei Jayson por mais alguns segundos. Quando parti, ele ficou ali, parado e pensativo. Era terrível meter mais alguém nessa confusão. Era tão perigoso para ele quanto era para mim. Mas, no fundo, eu me sentia minimamente aliviada de estar compartilhando esse pesadelo. não me sentir mais sozinha com o problema, proporcionava-me um pouco de alívio.
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Até breve.
Com amor,
Larissa Braz.