Dominada Pelo Cowboy - Capítulo 26
Atualizado: 23 de nov.
Livro 1 da série Amores Ideais
Conteúdo adulto. Registro Copyright em 172 países - maio de 2023 | Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro - maio de 2023 | Autora Larissa Braz.
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Jayson
Olivia entrou na caminhonete e se foi. Eu ainda estava absorvendo toda a história que acabara de ouvir. Olhei ao meu arredor, percebendo que aquele campo era grande demais para cavar em uma semana em busca de uma ossada.
Precisava ajudá-la com o dinheiro. Mas como? Apesar de uma família afortunada, eu não tinha em posse tanta grana. Eu era um mero peão assalariado. Tudo o que tinha guardado no banco vinha das competições nas arenas. Eu poderia vender algumas fivelas, mas nem de longe conseguiria mais do que seis mil dólares. Pedir ao meu pai não era uma opção. Falar com Jayden, também não.
Peguei a espingarda no chão e voltei para casa. Quando amanheceu, segui para a lida. No estábulo, encontrei Lloyd escovando Atlas.
— Bom dia — disse ao passar por ele, indo em direção ao meu cavalo.
— Como foi no pasto ontem à noite?
— Como eu já esperava. Não apareceu ninguém.
— Vou ficar lá essa noite. Jayden quer que fiquemos de olhos até que peguemos quem está fazendo isso.
Uma pequena tensão inflou os meus ombros.
— Não precisa! — falei rapidamente. — Não me importo de ir outra vez.
— Tem certeza? — Lloyd estreitou os olhos para mim.
— Tenho. — Forcei um sorriso, saindo do estábulo puxando o cavalo pela rédea. — Lloyd... — Parei, virando-me para ele. — Por acaso teria uma grana para me emprestar?
Ele olhou-me, com a sobrancelha arqueada.
— E de quanto estamos falando?
— Uns... vinte mil.
— Vinte mil? — perguntou com espanto. — Que merda você fez, garoto? Não está metido com apostas, está? — Aproximou-se.
— Não.
— Engravidou alguém?
— Também não.
— Eu não tenho todo esse dinheiro. Por que não pede ao seu irmão?
— Deixa para lá.
Montei no cavalo e segui meu caminho para onde estava o gado. Passei parte da manhã e tarde manejando o rebanho na rotação de pasto. Quando sol já começava a se por, guardei o cavalo em sua baia e caminhei até o redondel onde alguns homens preparavam dois bois para levar até a feira.
— O que você quer com vinte mil dólares, Jayson? — Jayden perguntou com seu costumeiro tom hostil, parando ao meu lado.
Fechei meus olhos por alguns segundos e suspirei fundo, frustrado com Lloyd e sua língua grande.
— Nada que seja da sua conta!
Caminhei para longe dele.
— Se está metido em alguma merda, eu preciso saber! Isso é muito dinheiro. Quem está devendo? — perguntou, vindo atrás de mim.
Olhei para Jayden com um pouco de estranheza. Se eu não soubesse que ele é apenas um pirado por controle, poderia pensar que estava preocupado comigo.
— Já disse que não é da sua conta. E relaxa! Não estou metido em confusão.
Segui para casa. Jayden não veio atrás de mim ou disse qualquer outra coisa. Depois de um banho e o jantar servido às sete, esperei que meu irmão fosse para feira na companhia de Lloyd e Tip. No armazém, próximo da instalação dos peões, apanhei uma grande pá, uma boa lanterna de milha e montei no triciclo, pilotando para o pasto oeste. Minutos depois da minha chegada, avistei os faróis da caminhonete da Olivia ao se aproximar. Ela passou pela cerca que ainda não havia sido consertada e veio até mim com a sua pá na mão.
— Oi. — Ela parecia um pouco constrangida e tensa.
— Vamos tentar delimitar a área. Tudo bem? Você já cavou dali até aqui. — Apontei. — O que se lembra do lugar onde enterrou o corpo?
— Tudo o que me lembro é de ter enterrado perto da cerca beirando a estrada. Também me lembro que a cova ficava quase que em linha reta com aquela árvore. Se é que é a mesma árvore.
— Okay. — Respirei fundo, analisando a cerca. — A estrada foi movida para dois metros acima. Então esse tempo todo você estava cavando no lugar errado. Vamos começar por aqui hoje. — Andei dois metros para baixo, em linha reta com a árvore, ou o que restou dela depois de uma tempestade elétrica.
— O quê? Eu não acredito que perdi todo esse tempo cavando o lugar errado! — disse, chateada.
— Vamos torcer para que agora seja o lugar certo. — Finquei a pá na terra.
A um passo de distância, Olivia fez o mesmo. Cavamos por quase quatro horas seguidas, sem muita conversa, sem grandes intervalos. Eu conseguia fazer um buraco mais rápido do que ela. Quando a cova chegou na altura do meu quadril, sai de dentro dela e sentei-me no chão, tomando um pouco da água que ela trouxe.
— Não enterrou ele mais fundo do que isso, enterrou?
— Não.
— Eu vou cavar outro.
Passei por Olivia e comecei a fazer outro buraco no solo.
— Obrigada pelo que está fazendo. Me traz um pouco de alívio finalmente eu ter contado sobre isso para alguém.
— Eu sinto muito por essa merda toda. Como esse cara achou você?
— Ele nunca parou de procurar o meu pai. Quando me viu uma noite, me reconheceu bem rápido. Ele disse que eu era bem parecida com a minha mãe. As pessoas falavam isso quando eu era criança. Aparentemente não mudei muito.
— Por que não chamou a polícia, Olivia? Ele matou a sua mãe.
— Eu fiquei apavorada quando senti o machado se prendendo no peito dele. Eu tive medo de ir presa. Tive medo de que as pessoas achassem que eu também matei a minha mãe. Achei que se eu o enterrasse, poderia ir embora deixar uma vida cheio de perturbações para trás.
— Ele era agressivo?
— Nunca encostou a mão em mim, mas ele batia nela. Uma vez cortou o supercílio dela, nunca vi tanto sangue jorrar do rosto de alguém. Ele fazia outras coisas também. Como obrigá-la a fazer sexo, principalmente quando voltava bêbado para casa.
— O que você fez depois que foi embora?
— Eu não tinha muito dinheiro. Fiquei em um hotelzinho barato por uma semana enquanto procurava por emprego, mas acabei sendo roubada e perdendo o pouco que tinha. Dormi muitas noites nas ruas, com frio e fome, até que consegui uma vaga em uma pensão comunitária. Então, finalmente, arranjei um emprego como garçonete em uma lanchonete. Trabalhei lá por dois anos e dividi uma kitnet com uma garota um tanto problemática. Até que quando completei dezoito anos, consegui um emprego melhor em um bar. Voltei a estudar, conclui o colegial e tempos depois Tate me descobriu.
— Antes dele você não cantava?
— Só para as paredes.
— Eu me lembro de ver você uma vez, na estrada, descendo do ônibus escolar.
— Eu sabia que vocês eram muitos filhos, mas nunca os vi. Vocês não iam à escola.
— Não. Minha mãe achava melhor nos educar em casa. Quando ela morreu, Jaycce assumiu o papel de ensinar a mim e ao Jayden.
— Eu me lembro dela. Era muito bonita.
— Era, sim.
— O que aconteceu com Jaycce?
Parei de cavar por um segundo e respirei fundo, desconfortável com a pergunta.
— Acidente de carro há três anos. — Foi tudo o que disse e ela entendeu. Acho que também deve ter notado o meu desconforto, ela mudou rapidamente de assunto.
— Merda! — Olivia murmurou ao mesmo tempo que ouvi um estalar, como algo se partindo. — A minha pá quebrou.
— A gente já cavou demais por hoje. São quase três da manhã. Por que você não vai embora? Eu tampo os buracos.
Olivia saiu de dentro da vala e eu fiz o mesmo. Ela parou por um momento e encarou o chão. Seus ombros caíram e a respiração pareceu pesar no peito. Soltei a pá no chão e fui até ela. Ao me aproximar, seus olhos ergueram-se até mim, lentamente. A luz era precária, mas pude ver suas pupilas brilhantes cheias de lágrimas.
— E se a gente não encontrar? — perguntou baixinho. Seu tom denunciou a sua extrema preocupação.
Retirei as luvas e apoiei minhas mãos nos seus ombros, apertando-os de leve.
— Vamos dar um jeito! Não vou deixar que um bando de agiotas imbecis machuque você.
Uma lágrima desceu pelo seu rosto e eu me apressei em secá-la. A pele dela era macia. As poucas vezes que pude tocá-la, fiz isso com apresso. Eu queria que Olivia fosse minha, que nós dois tivéssemos tido uma chance de verdade. Queria poder cuidar dela como merecia, poder dar a ela tudo o que eu podia. Mas já havia entendido que ela estava apaixonada por Jayden. E, embora odiasse isso, respeitava, porque era o que me restava a fazer.
— Vai para casa. — Afastei minhas mãos dela.
Assentindo, ela pegou sua lanterna, a garrafa d’água e caminhou em direção da abertura na cerca. Mas antes que chegasse na estrada, ela interrompeu seus passos e virou-se para mim.
— Eu não te contei toda a verdade! — disse, com a voz embargada.
— Sobre o quê?
— Sobre o que aconteceu aqui nesse pasto há doze anos. Eu não o enterrei sozinha.
— O quê? — perguntei um tanto chocado.
Caminhei até ela, a passos lentos.
— Ele me fez prometer que nunca diria nada para ninguém. Mas eu preciso contar para você.
— Olivia... seja mais clara! — disse em um tom mais alto e mais firme.
— Eu trouxe o corpo do Richard com o meu cavalo até aqui. Enquanto cavava, dois homens se aproximaram, pegando-me de surpresa. Um deles era... o Jack.
Meus olhos se arregalaram e meu coração palpitou.
— Está me dizendo que o meu pai estava aqui, neste pasto, quando você enterrou um corpo?
— Sim, ele estava. Eu não me lembro do outro homem. Mas ele era jovem. Não muito mais velho do que eu.
— Tip. Ele andava com o meu pai para todos os lados. O que aconteceu quando eles viram você?
— Fiquei muito assustada e eles também ao verem a minha roupa suja de sangue. Eu me expliquei para o seu pai. Contei o que tinha acontecido e ele mandou o peão ir até a fazenda saber se eu dizia a verdade. Quando ele voltou, estava até pálido. Jack então mandou que me ajudasse a enterrar o corpo do Richard. Seu pai disse para eu ir embora e nunca mais voltar, ou eu poderia ir parar na prisão. Ele me deu duzentos dólares e ordenou ao peão que me levasse para a rodoviária.
— Essa ossada não vai mais estar aqui.
— O quê? Por que o seu pai o removeria daqui? Para quê?
— Nós plantávamos sorgo aqui até quatro anos atrás. Como eu pude me esquecer disso! — falei irritado comigo mesmo. — É óbvio que ele não deixaria um corpo para arriscar ser encontrado. Eu preciso falar com o Jack. — Virei-me, pronto para voltar para casa, mas Olivia agarrou o meu braço com força, detendo os meus passos.
— Não! Ele mandou eu ficar longe de vocês.
Olhei-a, sentindo um pouco de tensão.
— Ele intimidou você?
— Ele só não deseja que vocês se metam na minha bagunça. Eu prometi.
— Eu sinto muito, Olivia... Mas vou ter que falar com ele. Do que adianta a gente cavar e cavar se tem grandes chances de os ossos não estarem aqui?
— E se ele vier atrás de mim? E se ele contar a verdade para a polícia?
— Ele não vai! Confie em mim! Vai para casa. Eu te ligo depois.
Desvencilhei o meu braço do seu aperto, recolhi minhas coisas e pilotei de volta para casa. Já passava das três quando passei pela porta da sala. Depois de um banho, desci até o escritório do meu pai e dei uma boa olhada nas gavetas e caixas dentro do armário. Não esperava encontrar um crânio ali, é óbvio, mas quem sabe eu pudesse encontrar algo que me dissesse onde ele os colocou. Será que ele jogaria fora ou enterraria novamente? Eu não achei nada que pudesse me dar uma pista disso. Eu só estava gastando o meu tempo.
Quando amanheceu, eu já estava vestido, pronto para ir até a cidade falar com o meu pai. Mas Lloyd surgiu e disse que precisava da minha ajuda, era uma pequena emergência com o gado. Ao descer até o pasto, vi que o problema era maior do que eu pensava. Não podia sair naquele momento. Suspirei frustrado e olhei ao meu redor. E se eu falasse com Tip? Ele estava lá doze anos atrás. Talvez soubesse onde os ossos estão hoje. Sempre foi o peão dourado do meu pai. Por vezes, tive até ciúmes disso. O que era uma grande bobagem.
Jayden surgiu no meu campo de visão. Ele cavalgou até mim e pulou do cavalo ao se aproximar.
— O que aconteceu aqui?
— Acho que são lobos. Duas vacas mordidas.
— Malditos! — disse entredentes. — Acha que são da reserva?
— Não faço ideia. Vamos deixar o gado mais junto essa noite e alguns peões de olho. Se for, não podemos matar.
— E quanto as vacas atacadas?
— Uma delas vão ficar bem. A outra... — Dei de ombros.
Jayden respirou fundo e apanhou a espingarda presa no arreio do seu cavalo. Com um olhar duro e mandíbula contraída, ele caminhou até mais adiante onde homens tentavam ajudar o pobre animal ferido. Eles se afastaram e Jayden engatilhou a arma, apontando-a para a cabeça da vaca. Eu fechei os olhos por alguns segundos e virei-me de lado. Não iria ver isso. Essa era uma parte do trabalho com o campo que eu não gostava nem um pouco. De repente, um estouro imenso ecoou pelo pasto, assustando Atlas. Eu agarrei rapidamente as suas rédeas e o contive.
Jayden retornou com a cabeça baixa e guardou a espingarda antes de subir no seu cavalo, saindo dali em silêncio. Acho que ele também não se agradava dessa parte no trabalho. Mas, ao menos, ele havia acabado com o sofrimento do animal. Tip se aproximou e apanhou uma corda na traseira do seu triciclo.
— Vai ajudar a tirar o bicho daqui? — ele perguntou, quando percebeu que eu o encarava.
— Tip... — Aproximei-me mais, parando à sua frente. — Me fala sobre o pasto oeste.
Ele olhou-me com uma cara confusa e sobrancelhas arqueadas.
— Sobre o quê? — Desviou os olhos de mim, apanhando ganchos em uma bolsa de couro surrada.
— Sobre o que você enterrou lá há doze anos.
Seu corpo imenso paralisou. Sob a camisa, vi seus músculos se movimentarem lentamente, inflando com a tensão. Tip empertigou a coluna e olhou-me sobre o ombro.
— Não sei do que está falando.
Passou por mim, indo em direção à vaca morta.
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Larissa Braz.