Domina-me - Conto Erótico
Este conto surgiu ao final da Trilogia Valente, um desafio proposto por meus leitores: onde o homem é o submisso e a mulher, o dominante. Espero que goste.
Informamos que todos os direitos desta obra são reservados e protegidos pela lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte ou personagens deste livro, sem a autorização prévia da autora por escrito e registrada, poderá ser reproduzido ou transmitido, seja em quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros. Livro registrado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em março de 2019. Copyright © 2019 Larissa Braz
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Coragem
Linda! Helena Macklein era a mulher mais linda que eu já havia visto na vida. Loira, estatura mediana, cintura fina, corpo sarado, lábios carnudos e sempre pintados em um vibrante batom vermelho. Eu queria uma noite com aquela mulher mais do que tudo na vida, mas ela era um desejo inalcançável.
Seu andar firme e o olhar soberano, me enlouquecia. Existia empresas melhores com quem fazer negócio, mas eu continuava ali, somente para vê-la e admirar em segredo a CEO mais jovem na história da Corporação Macklein.
A mulher implacável de quem todos só tinham elogios para rasgar, me ignorava com maestria. Não sabia ao certo se era porque não gostava de mim, ou se no fundo ela sentia o mesmo desejo e se recusava permitir.
Nunca ninguém a viu ou flagrou com um homem ou uma mulher. As relações morosas de Helena Macklein era um mistério para o mundo. Sempre tão séria, nem um sorriso.
“Será que alguém foi capaz algum dia de quebrar aquela muralha? Eu não sei. Tenho minhas dúvidas.”
— Aqui. É para você — sussurrou Aeron, estendendo-me um lenço de pano.
Sorri e voltei minha atenção à loira que falava segura de si, sentada a cabeceira da mesa extensa. Ela exalava poder pelos poros. Não era necessária minha presença naquelas malditas reuniões que demoravam intermináveis horas, mas eu ia a todas elas. Ia somente por ela.
“Será que ela ao menos nota minha presença aqui?”
A reunião enfim acabou e eu me levantei. Aquela era a hora. Havia chegado o momento em que eu iria até ela, pegaria em sua mão e a cumprimentaria. Talvez, quem sabe, a convidaria para um almoço de “negócios”, ou não. Era patético, eu sei. Como pode um homem de quase quarenta anos, divorciado há seis anos, pai de dois pré-adolescentes, ter medo de falar com uma mulher de trinta e dois anos? Mas a questão era que ela não era qualquer mulher.
— Vai lá. Fale com ela. Está babando pela mulher há três malditos anos. Tenha coragem, meu amigo. Não seja um frangote — Aeron zombou.
— Vai se foder, Aeron.
Ele riu e eu caminhei de encontro a ela.
— Senhorita Macklein? Como vai? — Estendi minha mão.
— Senhor Lannister. — Ela encarou minha mão e depois meus olhos. — Vou bem. Obrigada. — Ignorou meu cumprimento.
Fechei minha mão e a abaixei, um pouco constrangido. Não sabia mais o que dizer. Um nervoso imenso havia me abatido e me deixado mudo.
— Até mais. — Afastou-se e saiu desfilando em direção à porta.
— Fala sério, seu babaca! Vai deixar ela ir? Que vacilo, Clay — disse Aeron.
Respirei fundo me dando conta de que estava perdendo a única chance de me aproximar dela e, quem sabe, tê-la na minha cama mesmo que por uma noite.
— Você está certo.
Dei um leve tapa em suas costas e deixei a sala de reunião indo atrás dela. A encontrei conversando com sua secretária em frente o seu escritório. A secretária foi a primeira a notar minha presença. Ela se calou e olhou para mim, o que chamou a atenção de Helena.
— Conversamos sobre isso depois. — Ela dispensou a menina que assentiu e saiu rumo à sua mesa. — Algo dito na reunião de hoje lhe incomoda, Sr. Lannister?
— Talvez. Gostaria de discutir algumas questões do novo contrato. Será que poderíamos...
— Questões sobre contrato você discute com o Sr. Harryet — interrompeu-me, sendo um tanto hostil. — Agora se me dê licença, tenho uma teleconferência.
Sua arrogância disfarçada com palavras educadas e seu tom direto e firme, deixaram-me levemente excitado. Um arrepio percorreu minha coluna até a nuca. Eu poderia desistir e me deixar intimidar, ou poderia seguir firme e ser mais objetivo. Afinal, eu era o homem ali.
— Gostaria de jantar comigo? — minha pergunta deteve seus passos.
Ela virou-se para mim e um pequeno sorriso brotou no canto de seus lábios. Então, se aproximou ficando a um passo de distância.
— Não sou do tipo de mulher que tem encontros, Sr. Lannister. E mesmo se fosse, não saio com clientes.
Ela era dura na queda.
— Eu não mencionei encontro. Talvez fosse um jantar...
— Para tratar de negócios? — interrompeu-me novamente, encarando-me com a sobrancelha arqueada. — Se seu objetivo fosse tratar de negócios, teria proposto um almoço e não um jantar.
Sorri. Ela era bem esperta. Helena fechou o pouco espaço que havia entre nós, e eu pude sentir seus seios roçarem meu peito por cima do paletó. Aquilo fez meu pau latejar duro dentro da calça, me deixando envergonhado.
— Eu sei o que quer, Sr. Lannister — sussurrou em meu ouvido, encarando-me em seguida. — Tenho observado há meses sua presença inútil nas reuniões — disse, com seu rosto perto do meu.
Seu cheiro era um afrodisíaco para mim e sentir seu hálito quente contra a minha pele, foi surreal.
— Sei que é um solteirão cobiçado na casa dos quarenta, mas preciso dizer que não sou uma das mulheres com quem está acostumado a trepar. — Chegou seus lábios perto do meu ouvido novamente. — Não aguentaria cinco minutos comigo, Clayton Lannister — sussurrou. — Tenho gostos peculiares que não entenderia.
“O que de tão terrível seria? Um fio terra? Tudo bem. Por você eu aguento isso.”
Ela deu um passo para trás e forçou um pequeno sorriso.
— Fique longe, é para o seu bem. — Virou-se e entrou em sua sala.
Nada do que disse me fez temê-la ou desistir. Pelo contrário, me fez querê-la ainda mais e despertou uma curiosidade insana em mim. Eu queria aquela mulher e a teria.
***
Ousadia
Uma semana havia se passado. Não havia uma noite que eu fechasse os olhos e não sonhasse com ela. A curiosidade estava me matando mais que o desejo. A cima da necessidade de transar com Helena, eu precisava saber o porquê ela se intitulava diferente das outras mulheres, e o porquê ela pensava que eu não aguentaria cinco minutos com ela. Senti-me desafiado.
Deixei a sala do meu escritório e caminhei até a sala do Aeron, entrando sem bater na porta.
— Eu não sei o que fazer — disse ao invadir sua sala.
— Opa! Vai com calma. Por que você não se senta?
Sentei-me no sofá de dois lugares que tinha ao canto.
— Quer uma dose para acalmar?
— Quero.
Ele caminhou até o bar junto da janela e serviu duas doses de uísque, entregando-me uma em seguida.
— Primeiro me diga do que você está falando?
— Helena Macklein.
— Ah, tinha que ser ela. — Riu com deboche. — Me diga... Por que ela? Helena parece ser o tipo de mulher que não curte um boquete, não porque tem nojo, mas sim porque não quer estragar a meia-calça ficando de joelhos. Não entendo esse seu tesão todo por ela.
— Não consigo parar de pensar nas coisas que me disse.
— O que ela disse?
— Que não é como as outras mulheres com as quais estou acostumado a trepar e...
— Ela disse a palavra trepar? — perguntou surpreso, interrompendo-me.
— Disse!
— Fiquei surpreso agora. Ela não tem cara de mulher que usa palavras assim. — Riu baixo.
— E também disse que eu não aguentaria cinco minutos com ela.
— E o que fez?
— Nada.
— Não, não, Clay. Parece que depois que se divorciou desaprendeu a paquerar. Quando mulheres dizem que você não aguentaria ou não daria conta dela, ela está lhe propondo um desafio.
— Me sinto desafiado! Mas não sei o que fazer.
— Clay, Clay... O que ela quer é foder com você, mas primeiro, quer jogar. Você tem que ser ousado, meu amigo. A convidou para jantar?
— Sim. Ela disse que não tem encontros e mesmo se tivesse, não sairia com clientes.
— Isso é balela. Ela não quer jantar, então vamos direto a sobremesa. — Sorriu malicioso.
— E o que você sugere?
— Faça reserva em um hotel. Mande rosas brancas, porque vermelha é clichê demais, e junto ao cartão, a chave do quarto.
— Isso sim é o que eu chamo de ser ousado. Não sei se isso faz o tipo da minha personalidade.
— Que se dane sua personalidade. O que queremos aqui, é que você transe com esse seu desejo de três anos. Faça isso e você verá.
Assenti e virei o resto do uísque.
— Tem razão. — Levantei-me. — Se der errado, a culpa é sua.
— Não. Se der errado, você esquece essa e parte para outra. Está solteiro a tempo demais. Precisa de uma namorada, Clay.
Deixei sua sala e voltei para minha. Ao entrar, liguei para um hotel cinco estrelas e fiz a reserva de uma suíte máster. Pedi a minha secretária que mandasse alguém buscar a chave do quarto e assim ela fez. Quando a chave chegou, coloquei o cartão magnético junto a um cartão com meu nome timbrado. Escrevi no mesmo a data e hora que nos encontraríamos, e o assinei. Mandei tudo junto com um buquê de rosas brancas. Ainda eram dez da manhã e minha tensão estava pedindo um pouco mais de uísque.
***
Segui com meus compromissos do dia ansioso por um retorno seu. Já era final da tarde e sem dúvidas alguma ela já havia recebido as flores. Ainda não havia tido nenhum sinal dela. O encontro seria a noite, às oito.
“Será que fui ousado demais? Talvez.”
Entrei em meu escritório depois de uma reunião de quase três horas e desabei cansado em minha cadeira, recostando-me para trás. O telefone sobre a mesa tocou e eu rapidamente atendi.
— Quanta ousadia. Confesso que jamais imaginei, ou esperei isso de você, Lannister.
Sorri. Era ela. Finalmente, era ela!
— Recebeu minhas flores?
— Recebi sim. Mas elas foram para o lixo, sou alérgica a rosas.
"Droga!"
Suspirei sentindo-me um fracassado.
— Eu sinto muito. Vejo você logo mais?
— Cuidado, Lannister. Quem brinca com fogo pode se queimar.
— Talvez eu queria me queimar.
Ela riu.
— Você não vai desistir, não é?
— Não! — fui firme.
— Então será eu quem dirá quando e onde! — falou autoritária, e encerrou a chamada.
— Uau! Que mandona.
Sorri contente.
***
O Encontro
— Já faz uma semana? — perguntou Aeron.
— Sim.
— Cara... Se fosse eu, já teria desistido.
— A espera é torturante, mas vai valer a penas, eu sei.
— Você é um masoquista.
— Acha que eu devia ligar para ela.
— Não. Não se humilhe.
Meu telefone sobre a mesa tocou e eu rapidamente atendi, mas não era ela quem ligava, era somente minha secretária avisando que minha próxima reunião começaria em cinco minutos.
— Vamos lá, está na hora.
Aeron e eu seguimos para reunião que durou mais de duas infinitas horas. Quando acabou, voltei para minha sala e encontrei sobre minha mesa um cartão e um arranjo de tulipas negras em um vaso espelhado. Aquilo foi sombrio, mas instigante. Peguei o cartão e o abri.
Hotel Bellmont
Quarto 2005
08:00 p.m.
Não se atrase!
H. Macklein
— Meu Deus! Finalmente.
— O que é finalmente? — perguntou Aeron ao entrar em minha sala com uma pasta nas mãos.
— Helena.
— O encontro?
— Sim. Vai ser hoje às oito, no hotel Bellmont.
— Boa sorte. — Riu depositando a pasta sobre a mesa e saiu fechando a porta atrás de si.
Sequer conseguia crer que, finalmente, depois de uma longa semana ela havia marcado nosso encontro. Eu não parava de me perguntar se aquilo estava mesmo acontecendo. Eu iria ver Helena e, talvez, faria o que tanto sempre desejei. A teria em meus braços, sob mim.
***
O dia passou arrastando. A ansiedade estava tão grande, que não consegui comer meu almoço. À tarde, o calor estava insuportável, o que tornou o dia ainda mais torturante. Quando o relógio marcou seis horas, desliguei meu computador, levantei-me da cadeira e segui rumo à saída.
Em casa, cuidei de me arrumar e estar perfeito para ela. Depois de um banho bem tomado da cabeça aos pés e aparar os pelos do peito, axilas e virilha, segui para o closet onde me vesti com um terno azul-marinho, camisa branca e sapatos marrom-escuro. Deixei o paletó aberto e os três primeiros botões da camisa desabotoados. Penteei os cabelos, passei loção pós-barba e, por último, um perfume forte que ficaria impregnado em seu corpo até o outro dia.
Saí de casa às sete e quarenta e cinco, e segui para o hotel. O trânsito não estava tão favorável como imaginei, acabei me atrasando dez minutos. Mas por que me preocupar com um pequeno atraso, quando são as mulheres quem sempre se atrasam mais? Pensei que, talvez, ela sequer ainda haveria chegado.
Atravessei o hall do hotel e caminhei até a recepção. Identifiquei-me com a recepcionista e disse que Helena Macklein esperava por mim no quarto dois mil e cinco.
— Não há ninguém hospedado neste quatro com este nome, senhor. Posso ver um documento que comprove sua identidade? — pediu a recepcionista.
— Claro. — Dei a ela minha carteira de motorista.
Ela pegou meu documento, o analisou e depois encarou-me com cautela e sorriu.
— Acho que o senhor se enganou. Seu nome está na lista de convidados da Sra. Livy. Quarto dois mil e cinco. Pode subir.
Olhei-a com plena confusão. Antes que eu pudesse questionar sobre o seu engano, ela entregou-me minha carteira de motorista e um cartão magnético.
— Tenha uma boa-noite, senhor. — Sorriu.
— Obrigado.
Eu não fazia menor ideia do que estava acontecendo ali, mas algo me dizia para subir logo. Helena jamais erraria o número do quarto no cartão.
Peguei meu documento, a chave e tomei o elevador. As portas se abriram e eu entrei no corredor vazio e silencioso. Caminhei pela longa extensão estreita até a porta marfim com os números dois, zero, zero, cinco pregados na porta. Inseri o cartão magnético e girei a maçaneta, entrando no quarto.
O ambiente estava escuro, a pouca iluminação que tinha vinha da luminária à minha esquerda e das velas espalhadas estrategicamente sobre os móveis pelo quarto. O lugar parecia vazio, mas entre a porta do banheiro e o chão escapava uma luz amarela pela fresta, indicando que havia alguém ali dentro.
Caminhei para perto da cama e toquei nas cordas que haviam sobre o colchão. Uma curiosidade cresceu dentro de mim e eu apenas me perguntava para que ela usaria aquilo.
“Pedirá para eu amarrá-la? Esse é seu gosto peculiar?”
Senti uma aproximação e olhei para a parede feita de espelhos à minha direita, para ver quem chegava. Mal pude crer no que estava vendo. Chegou a faltar ar em meus pulmões.
— Você está atrasado. Eu disse: “não se atrase!” — falou Helena em tom autoritário e levemente zangado.
Lentamente, virei-me de frente para ela. Queria