Segredo Para Três - Conto Erótico
Atualizado: há 1 dia
Conteúdo adulto. Também disponível na Amazon Kindle Unlimited.
Registro Copyright - 2019 | Biblioteca Nacional - 2019 | Autora Larissa Braz.
Era um dia especial para o meu relacionamento, e aquela noite foi marcada de uma forma extremamente excitante de um jeito que eu não esperava. Foi uma surpresa e tanto que marcou as nossas vidas, mudando o futuro para sempre.
Brandon era o melhor amigo do meu namorado. Ele o acolheu quando era um adolescente perdido após fugir da vida familiar complicada. Deu um cama quente, comida e bons conselhos os quais James levava sempre consigo. Desde que eu e ele começamos a namorar, muito eu ouvia falar do seu amigo mais velho, mas pouco o tinha o visto até alguns meses atrás, quando Brandon deixou a Suíça ao voltar para Londres. Isso aconteceu repentinamente depois do término do seu quarto casamento. Ele veio morar comigo e o meu namorado, mas isso só seria por algumas semanas. Bom, ao menos foi o que James disse e eu acreditei.
Estava tudo bem, a sua companhia não era tão ruim assim. Eu trabalhava em casa e passava sempre os dias sozinha, então ter alguém ali era agradável. Embora, às vezes, Brandon fizesse bastante barulho como naquele momento. Uma publicitária em fase de criação, precisava de silêncio, mas a visita tocava violão na sala há uns trinta minutos. Sempre que errava uma nota, ele voltava e começava a canção novamente.
— Merda! — murmurei impaciente.
Passei as mãos pelo rosto e me levantei irritada indo até à sala. Ao abrir a porta do escritório, Brandon estava sentado em frente a vidraça do apartamento, sem camisa. Ele recebia a iluminação da manhã que marcava a sua silhueta de forma divina. Tinha um cigarro preso entre os lábios, que queimava lentamente. Os poucos pelos no peito, se destacavam no torso desnudo. Parada ali, pude mais uma vez admirar como ele era bonito. Por segundos desejei que, quando mais velho, James ficasse exatamente com aquela aparência: um cinquentão badboy com cabelos acinzentados e um abdômen marcado que exalava um ar inteiramente sexy.
Brandon parou de tocar e me olhou por debaixo da mecha de cabelo despencado sobre os olhos. O cigarro foi retirado da boca e posto sobre o cinzeiro à sua frente. Ele sorriu. Um maldito sorriso que me deixava nervosa. Sempre!
— Estou atrapalhando você, querida?
Por que ele me chamava assim? Eu queria que James me chamasse assim. Achava tão atraente, e isso era péssimo! Brandon é o melhor amigo do homem com quem quero me casar. O meu amigo também, merda! Não posso me sentir assim por ele. Esse homem tem que se mudar daqui.
— Um pouco. — Sorri desajeitada. — Você pode parar por uma hora?
Ele se levantou e colocou o violão sobre a poltrona em que estava sentado. Brandon usava uma calça de moletom cinza que era um tanto folgada para ele. O elástico estava um pouco abaixo do abdome, dava para ver perfeitamente a marca da sua pelve e alguns pelinhos.
Maldito!
Aproximou-se e passou a mão pelos cabelos, jogando-os para trás. O seu cheiro era uma mistura de perfume caro com tabaco. Isso era para ser um odor completamente desagradável para alguém que odeia perfumes fortes e ama lavanda por toda casa, mas eu gostava! Era atrativo para mim. Lambeu os lábios lentamente e aquilo foi muito sedutor. A sua mão direita coçou a barriga com delicadeza, usando as pontas dos dedos.
Droga! Droga! Droga! Porra!
O meu coração bateu um pouco mais rápido. A minha boca encheu d'água. Acho que outras partes também.
— Por quanto tempo quiser.
Engoli em seco.
— Obrigada.
Prendi a respiração e passei por ele voltando para o escritório, sem olhar para trás. Estava tão nervosa. A maçaneta escapou da minha mão suada e a porta bateu ao se fechar, causando um estrondo. Escutei a sua risada grave do outro lado. O canalha sedutor sabia o efeito que causava em mim e se divertia com isso. E esse efeito era um problema. Grande!
Comecei a sentir atração sexual por ele, e isso é uma merda e torrava com os meus miolos. Eu amava o James, amava muito! Por que isso estava acontecendo? No começo era divertido admirar o seu corpo, mas, agora, já não é mais. Sempre que o olhava, sentia tesão. Admirava-o quando não estava me vendo ou distraído, é mais forte do que eu. Quando notei que nos últimos dias a minha calcinha ficava úmida e o meu coração batia mais forte, me desesperei. Isso não estava certo. Não é?
Sentei novamente à mesa e voltei ao trabalho. Depois de quase três horas em absoluto silêncio, uma forte batida contra a porta me assustou. Ela foi aberta e a cabeça de Brandon apareceu no cômodo.
— Aposto que está com fome. O almoço está servido.
— Okay. Já estou indo.
Voltei a atenção para o laptop à minha frente. Trabalharia por mais uns minutos e logo iria. Ele entrou sem ser convidado – agora usando uma camiseta – e parou diante da mesa. Encarou-me com olhos estreitos, em silêncio, e com as mãos guardadas no bolso do moletom.
— Quer dizer algo? — perguntei.
— Estou te esperando. — Sorriu.
Só podia ser brincadeira. Ele iria mesmo ficar ali, estático como um pedaço de pau? Encaramo-nos por alguns segundos e ele continuava a sorrir, sem se mexer.
— Entendi.
Levantei e Brandon andou na minha direção. Parou quase obstruindo a passagem entre a mesa e a parede. Engoli em seco. Olhei-o e percebi que ele não se afastaria. Parecia satisfeito com a proximidade. Passei por ele esbarrando o meu braço no seu peitoral. Fiquei nervosa novamente com a sua presença e o toque.
A sala e a cozinha eram integradas no conceito aberto. Ao sair do escritório, um maravilhoso cheiro de carne assada invadiu o meu nariz e logo avistei a mesa posta. O meu estômago roncou, alto. Brandon riu e puxou uma cadeira para mim.
— Obrigada.
Sentei e ele se acomodou ao meu lado na mesa redonda, que ficava ao canto, próxima das janelas da sala.
— Cordeiro assado. — Destampou a bandeja à nossa frente.
— Uau! Você cozinhou isso?
— Não, mas alguém no restaurante cozinhou para nós. — Riu.
A comida estava fumegante e o cheiro era ainda melhor. A carne estava linda e me deu mais fome.
— Vamos comer, então.
Peguei o meu prato e levei a mão até a tigela com a salada italiana.
— Não, não. Eu lhe sirvo.
Tomou o prato de mim.
— Comprei um presente para você.
— Presente? — Franzi o cenho com estranheza.
Por que diabo está me presenteando de novo?
— É só uma coisinha boba que vi na rua quando estava voltando para casa com o almoço.
Serviu o meu prato e o colocou à minha frente. Brandon se levantou e caminhou até a ilha da cozinha. Pegou uma sacolinha rosa e a me entregou.
— Abra.
Respirei fundo e encarei a sacola. Naquele dia, quem tinha que estar me dando um presente era o James, afinal, estávamos completando dois anos de namoro e um ano que morávamos juntos. Abri a sacola e enfiei a mão lá dentro tirando uma caixinha para fora. Ao abri-la, um par de brincos.
— Não é nenhuma joia cara, mas é delicado como você. Achei bonito.
Os brincos eram pequenos, redondos, prateados e tinham uma pedra azul no centro. Eram mesmo bonitos e delicados. Aquele já era o terceiro presente que me dava sem o menor motivo desde que veio ficar conosco. O primeiro ele disse ser um agradecimento por deixarmos ele morar aqui. O segundo, ele apenas deixou sobre a mesa do escritório e quando eu o questionei o motivo, ele apenas disse: “um presente bonito, para uma moça bonita.” Por isso nem o questionaria sobre aquele. Sei que viria qualquer explicação sem sentido da sua boca.
— É lindo. Adorei.
Ele sorriu e aquilo foi muito galanteador. Adorava como linhas de expressão se formavam de maneira graciosa ao redor dos olhos quando sorria. Era resultado do tempo vivido, mas nada que o fizesse ser menos bonito.
Comemos sem muita conversa. Eu estava nervosa demais com a sua presença e isso me fez sentir constrangida. Estava finalizando a salada quando o seu joelho encostou no meu. Porra! Um simples toque me causou um leve choque no lugar e uma pequena reação de susto. Brandon riu, baixinho, de cabeça baixa. Foi proposital, eu sei.
Levantei levando o prato para a pia. Brandon seguiu os meus passos parando atrás de mim. Senti o seu calor emanar e aquecer as minhas costas. A sua mão esquerda tocou o meu quadril e o seu outro braço se esticou colocando o seu prato dentro da pia. Senti arrepios na pele embaixo da sua palma.
— Vou voltar ao trabalho. Obrigada pelo almoço.
Sai dali quase correndo e entrei no escritório outra vez. Sempre que James estava fora, Brandon me tocava de maneira sutil e me olhava como quem quisesse me despir. Embora isso me fizesse quase desmontar no chão, eu gostava dessa atenção. E as investidas dele estavam ficando cada vez mais frequentes e instigantes. Ele queria algo de mim e não era apenas companhia para o almoço. E eu queria algo dele que não podia ter.
Passei a tarde sem muita concentração para o trabalho. A pele ainda formigava onde ele a tocou. O desejo crescia e eu o reprimia. Começava a ficar zangada comigo mesma. Sentir essas coisas me tornava infiel ao meu namorado?
***
Já passava das cinco quando parei de trabalhar. Ao passar pela sala, fiquei aliviada em não ver o Brandon ali. Atravessei o corredor depressa em direção ao meu quarto. Depois do banho, comecei a me arrumar. James disse que chegaria por volta das sete para podermos sair e comemorar os nossos vinte e quatro meses juntos. Torcia para que ele não se atrasasse, mas era possível acontecer. Sempre acontecia. Era o preço que se pagava por estar com um advogado criminal requisitado. Ele costumava chegar bem tarde muitas vezes por semana. Antes eu ficava sozinha, mas com a chegada do Brandon passei a ficar na sua companhia da hora que acordava até o momento em que me deitava para dormir. A falta do James no começo da relação foi um problema, mas depois apenas me conformei com a situação.
Às vezes, acredito que tanto tempo a sós com ele é o que tenha contribuído fortemente com a atração que tomava conta dos meus pensamentos, como da última vez que eu e James transamos. Culpei-me por muitos dias por causa daquilo. Durante todo o tempo que James passou enterrando o seu pau em mim, pensei no seu amigo. Apenas fechei os olhos e me entreguei à fantasia sexual. Mas, depois, me perguntei se aquilo não era doentio ou, de certa forma, me transformava em uma grande vadia burra.
Às sete, estava pronta. Deixei o quarto e caminhei para a sala. Brandon estava lá, deitado no sofá. Quando o meu viu, os seus olhos se arregalaram e ele se levantou rapidamente, ficando de pé.
— Você está maravilhosa.
— Obrigada. — Sorri, pois, me sentia extremamente linda.
Tive a preocupação em ondular os cabelos, fazer uma bela maquiagem e caprichar no meu perfume que James dizia ser o favorito dele.
— Sente-se. O seu namorado não deve demorar.
Sentei ao seu lado e cruzei as pernas. Senti o seu olhar flamejar na minha pele. A sua mão escorregou para entre nós, mas ele não me tocou. Embora, mesmo negando para mim mesma, eu desejasse sentir ao menos as pontas dos seus dedos.
A TV estava ligada no noticiário e assistimos em silêncio. No canto inferior direito da tela, as horas marcavam sete e meia. Peguei o celular na bolsa e verifiquei se não havia alguma mensagem não lida. Não tinha nada. James estava atrasado, mas devia estar a caminho. Acho que se não estivesse, teria avisado sobre o seu atraso. No entanto, o relógio marcou oito e nada do meu namorado aparecer.
— Combinei de ver alguns amigos hoje. Já vou indo.
Brandon se levantou e vestiu a jaqueta jeans desbotada. Caminhou até mim e pegou-me de surpresa com um beijo demorado na testa. Quando se distanciou um pouco, o suficiente para nos olharmos nos olhos, ele curvou os lábios naquele maldito sorriso outra vez.
— O seu cheiro é tão gostoso quanto você.
Passou os dedos suavemente por minha bochecha que, com certeza, ficou corada com a sua frase e proximidade. Passei a língua umedecendo os meus lábios e o mordi o inferir. As coxas se apertaram causando pressão na minha intimidade que pulsou. Ele afastou e caminhou para a saída pegando a sua chave no caminho. Quando a porta se fechou, relaxei no sofá. Eu era uma grande safada por me excitar com aquele homem. Às vezes, gostava disso. Outra ora, não.
Respirei fundo para me recompor e me levantei dando algumas voltas pela sala e cozinha. Servi um copo d’água e parei diante das janelas, observando a entrada do prédio. Eu aguardava ansiosa a chegada do James, mesmo sabendo estarmos prestes a perder a reserva no restaurante caro do centro. Mas eu me contentaria com um cachorro-quente no food truck da esquina, desde que tivesse esse tempo com ele. Eu só queria comemorar a nossa noite. Sempre fui uma mulher apegada com datas, e não diferiria com o dia treze de agosto.
Não sei quanto tempo fiquei parada ali, observando a rua pouco movimentada. Parei de olhar as horas para evitar uma frustração maior. De repente, a porta se abriu e eu me virei para trás, esperançosa, imaginando ser o James. Porém, quem passou por ela foi Brandon. Suspirei triste, magoada. Caminhei para o sofá e me sentei. Retirei os sapatos e os joguei para o canto, junto da parede. Brandon entrou e veio até mim. De trás das costas, ele tirou um buquê de tulipas amarelas.
— Para quem são?
— São para você. Pensei em rosas-vermelhas, mas isso pareceu ser meio... romântico demais para mim.
Sentou-se no sofá e me entregou as tulipas.
— E por quê?
Deu de ombros, escorando-se.
— James não chegou. Está atrasado. De novo.
Ele tocou o meu joelho, chamando a minha atenção do boque para ele.
— Eu sei. Ele me ligou. Pediu que eu voltasse para casa e jantasse com você.
— O quê? E por que ele não ligou para mim? — perguntei puta de raiva.
Bufei revirando os olhos. Estava zangada com o meu namorado. Não acreditava que ele havia feito isso, logo nesse dia.
— Sinto muito. Sei que é uma data especial para vocês. Ao menos, podemos comer alguma coisa bem gostosa e não deixar nada para ele — falou humorado.
— Não estou com fome.
Eu havia perdido o apetite, estava com raiva. Só pensava em um meio de castigar James pelo que fez.
— O que ele disse para você?
— Ligaram para ele quando estava a caminho de casa. Ele pensou que seria rápido, mas se enganou. Ele disse que é um cliente antigo que foi parar na penitenciária. Está tentando falar com algum juiz.